Vale do Genoma intensifica ações para fomento de pesquisas 21/02/2022 - 11:00

Em seu primeiro ano de atividades, o Vale do Genoma vem fortalecendo parcerias e ampliando as pesquisas nas áreas de genética e inteligência artificial, aplicadas à saúde. O novo ecossistema de inovação é composto por cerca de trezentos pesquisadores, que desenvolvem atividades em 23 instituições localizadas no Paraná e em outros estados, todas com ampla expertise em saúde humana, agropecuária e meio ambiente.

Com sede em Guarapuava, na região Centro-Sul do Paraná, o objetivo da iniciativa é ampliar a prospecção de novos parceiros empresariais e identificar oportunidades de negócios inovadores, e dessa forma contribuir para a competitividade do setor produtivo.

A partir do modelo da quádrupla hélice, o Vale do Genoma é constituído por representantes do Governo do Estado, como a Superintendência Geral de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti), a Fundação Araucária e as Universidades Estaduais do Paraná; e instituições parceiras, como o Instituto para Pesquisa do Câncer (Ipec), o Cilla Tech Park, a Fundação Shunji Nishimura de Tecnologia e o Centro de Inovação do Agronegócio (CIAg). Conta ainda com o apoio das indústrias Repinho Reflorestadora Madeiras e Compensados e Máquinas Agrícolas Jacto.

O superintendente de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Aldo Nelson Bona, ressalta que este é um tema de interesse global, considerando que a pesquisa genética, ligada ao tema da inteligência artificial, está na base de grandes avanços tecnológicos, não apenas na área da saúde, mas também de produção.

“Os projetos desenvolvidos tanto de pesquisa quanto de inovação nesse âmbito, projetarão o Paraná no cenário internacional, como um ponto de referência para a busca de marcadores genéticos e de padrões genéticos, posicionando o Estado do Paraná no mapa da produção de conhecimento, tecnologias e inovação sobre essa temática”, afirma.

Ele explica que o Vale do Genoma “é um ecossistema de inovação que tem por finalidade inserir a pesquisa genética e a inteligência artificial em favor do desenvolvimento de negócios e de conhecimentos com o tema genômica em tudo que ele se aplica”. 

Segundo Tsen Chung Kang, diretor de Pesquisas e Novos Negócios da empresa Jacto, parceira do programa, a genômica é um dos temas com maior potencial de impactar a saúde humana, agricultura e pecuária, e vai ao encontro das pretensões de inovação do Paraná. “O Vale do Genoma, por associar Genômica e Inteligência Artificial, pode trazer oportunidades excepcionais para o estado, pois nos colocaria no ‘olho do furacão’ da convergência biodigital”, destaca. 

DESAFIOS – Para o diretor de Ciência, Tecnologia e Inovação da Fundação Araucária, Luiz Márcio Spinosa, o Vale do Genoma tem importantes pilares como a rapidez na construção de soluções para resolver os desafios para a implantação de um ecossistema de inovação, que se deve muito à governança local. “Rapidamente houve uma compreensão dos atores regionais entre eles as universidades, Governo do Estado, prefeitura de Guarapuava e a empresa Jacto, que tem ajudado muito nesta visão empresarial”, salienta.
A formação de uma cultura pró-inovação, assim como a reunião dos principais atores para a condução dos trabalhos está entre os principais desafios a serem superados. “Convencer a comunidade, tanto a científica quanto a população em geral, de que o propósito do ecossistema é de interesse de todos é algo que precisamos trabalhar muito”, sinaliza o diretor.
Um dos idealizadores do Vale do Genoma, o coordenador do Curso de Medicina da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro), professor David Livingstone Figueiredo, pontua que é preciso avançar no processo de transformar as pesquisas em negócio. “Precisamos atuar nesta ponte entre a academia e a indústria, para concretizar este processo de que as pesquisas sejam transformadas em benefício da sociedade em geral”, explica o médico, que também atua como presidente do Ipec.
Para o diretor Spinosa ainda há um longo caminho a percorrer, que envolve investimentos em pesquisas básicas e aplicadas, organização e desenvolvimento de tecnologias. “Há a necessidade de captação de recursos para fomentar todo este processo de execução do ecossistema”.

CONVERGÊNCIA BIODIGITAL – O Vale do Genoma é uma das importantes ações do Novo Arranjo de Pesquisa e Inovação em Genômica (Napi Genômica). Desde sua criação, um dos principais objetivos do novo arranjo é, por meio da associação de genômica e inteligência artificial, o desenvolvimento da medicina de precisão, ou Medicina P4 (Preventiva, Preditiva, Participativa e Personalizada).
“Um dos pontos fundamentais do Vale do Genoma é a construção do Living Lab em Saúde, passo estratégico para a implantação da Medicina P4. Para isto o Vale do Genoma conta com a parceria com o Centro de Pesquisa Aplicada em Inteligência Artificial Recriando Ambientes (CPA IARA) e com o Parque Tecnológico de Itaipu (PTI), buscando integrar e transformar conhecimentos e tecnologias em soluções para o progresso da sociedade”, comenta o professor David.

O diretor de pesquisa da Jacto, Tsen Chung Kang, complementa que, atualmente, a saúde trabalha com a medicina curativa, ou seja, é preciso procurar atendimento em caso de necessidade. Algo que, com a genômica, começa a mudar já que ela é fundamental para a Medicina P4.

“Com informações o cidadão poderá iniciar imediatamente um tratamento preventivo, para que não contraia a doença. Esta é uma importante estratégia já que melhora a qualidade de vida dos cidadãos e não sobrecarrega o sistema clínico-hospitalar”, explica.

AÇÕES EM ANDAMENTO – Além da previsão de lançamento do Programa Genomas Paraná e dos diversos seminários científicos ligados ao tema, realizados mensalmente, o Planejamento Estratégico do Vale do Genoma prevê entre os principais projetos para 2022 a implantação do Living Lab em Saúde Digital, um programa de aceleração para startups e a implantação de um Centro de Empreendedorismo e Inovação da Saúde Digital.