Telemedicina passa a ofertar também atendimento psicológico 05/05/2020 - 13:45
A plataforma de telemedicina lançada pelo Governo do Estado para atender pacientes com suspeitas de Covid-19 ganhou uma nova funcionalidade e agora também oferece atendimento psicológico à população. O serviço é fruto de uma parceria do governo com o Conselho Regional de Psicologia do Paraná (CRP) e já conta com 30 profissionais qualificados para o acolhimento, além de outros 150 que estão sendo capacitados para prestar o atendimento online voluntariamente.
O serviço é gratuito e pode ser acessado de qualquer localidade paranaense, por meio do aplicativo Telemedicina Paraná, disponível para os sistemas Android e iOS .
O atendimento com psicólogos também deverá ser estendido para profissionais da saúde e da segurança pública que estão na linha de frente de combate ao novo coronavírus.
“Toda a situação que envolve a pandemia da Covid-19, com o isolamento social e a possibilidade de perdas financeiras e dos entes queridos, acaba atingindo a saúde mental da população”, afirma o governador Carlos Massa Ratinho Junior.
“O governo é sensível a essa realidade e dispõe de tudo que está ao seu alcance para minimizar os impactos da pandemia no Paraná. A plataforma de telemedicina se mostrou uma ferramenta muito útil nesse sentido”, diz.
COMO FUNCIONA – Pelo aplicativo de Telemedicina, o usuário passa por uma triagem feita por inteligência artificial. Caso haja a identificação de sintomas relacionados à Covid-19, ele é direcionado para uma conversa com estudantes dos últimos períodos dos cursos de enfermagem e medicina, bolsistas do programa. Eles tiram dúvidas e, dependendo do quadro apresentado, encaminham a pessoa para uma consulta online com médicos voluntários.
Um novo protocolo foi incluído no teleatendimento para oferecer o encaminhamento a um psicólogo. O bolsista pergunta ao paciente se há interesse na consulta ou pode também identificar, durante essa interação, se há a necessidade de atendimento nessa área. Após algumas perguntas para identificar a sintomatologia, o paciente é então encaminhado para a conversa com o profissional.
“O paciente é atendido em uma modalidade chamada de serviço emergencial, em que é feito um acolhimento, uma escuta ativa, para ouvir suas angústias e investigar o que vem em sua mente, para então prestar orientações sobre como lidar com a situação pela qual ele passa”, explica a psicóloga e professora Jeanine Rolim, uma das idealizadoras do projeto, ao lado da também psicóloga Carolina Simeão.
CONSULTA - A consulta leva de 30 e 50 minutos, e todo o procedimento segue as diretrizes do CRP e do Conselho Federal de Psicologia do Brasil (CFP). “Esse protocolo ajuda o paciente a acolher o seu sentimento e a acalmar a si mesmo”, diz Jeanine. “É coerente que as pessoas sintam medo nessa situação, faz sentido se sentir aflito, pois é uma gama de preocupações que sem dúvida altera os sentimentos. Há muito medo de contrair a doença, de deixar uma pessoa querida desassistida e mesmo de perder seus meios de sobrevivência, além da desesperança com o futuro incerto”, afirma.
FERRAMENTA – A ideia de prestar atendimento psicológico remoto partiu de Carolina, que mobilizou uma rede de psicólogos paranaenses. Jeanine também encampou a ideia e pediu sugestões nas redes sociais para a criação de um site. Ao tomar conhecimento, a Companhia de Tecnologia da Informação e Comunicação do Paraná (Celepar) incluiu a proposta na ferramenta de telemedicina que estava desenvolvendo.
“A tecnologia está auxiliando na contenção do coronavírus no Paraná, agilizando o atendimento e protegendo as pessoas, principalmente os profissionais de saúde, que recebem menos pacientes e podem se dedicar aos casos confirmados da doença”, afirma o presidente da Celepar, Leandro Moura.
ATENDIMENTOS - A plataforma foi lançada em meados de abril e, até agora, teve quase 5 mil cadastros e já intermediou cerca de 2,6 mil atendimentos. Também são parceiros do programa a Superintendência Geral de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, a Secretaria de Estado da Saúde e o Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM), além do CRP.
Na semana passada, a Superintendência de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior lançou um edital para a contratação de mais bolsistas para atuar no serviço. “A saúde mental também demanda muita atenção neste momento, e o Paraná acerta ao criar um canal para atendimento nesta área. As pessoas estão mais preocupadas e ansiosas por causa da pandemia”, afirma o superintendente de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Aldo Bona.
TERMÔMETRO – De acordo com o coordenador Estadual de Ciência e Tecnologia, Paulo Parreira, além de desafogar o sistema de saúde e contribuir com o isolamento social, o aplicativo também funciona como um termômetro para fazer o monitoramento epidemiológico do Paraná.
“Na medida em que os atendimentos diminuírem, teremos como medir a situação da pandemia no Paraná”, explica. “Por isso é importante que as pessoas que têm sintomas respiratórios utilizem a ferramenta, evitando sair de casa. Isso é ainda mais importante agora com a chegada do frio, quando pode haver um aumento nos casos da doença”, diz.