Projeto da UEM tem participação de médicos formados no exterior 10/08/2020 - 12:58
Cinco médicos formados em outros países auxiliaram e orientaram a população e profissionais da saúde dos 29 municípios que compreendem a 15ª Regional de Saúde, no enfrentamento da Covid-19. O projeto, denominado “Gralha Azul”, é uma parceria da Regional de Saúde com a Universidade Estadual de Maringá (UEM) e começou há quatro meses.
“Estes profissionais foram semear o suporte técnico, científico e epidemiológico nos pequenos municípios, apoiando os gestores e os trabalhadores na execução das ações voltadas ao combate e à assistência à Covid-19”, explica a coordenadora do projeto, a docente do Departamento de Enfermagem (DEN), da UEM, Grace Jacqueline Aquiles.
O “Gralha Azul” faz parte de um projeto maior, “UEM no combate ao coronavírus”, financiado pela Fundação Araucária de Apoio ao desenvolvimento Científico e Tecnológico do Estado do Paraná (FA), em parceria com a Superintendência Geral de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (SETI) e a Secretaria de Estado da Saúde (SESA). A UEM atua nos municípios da 15ª Regional de Saúde (Maringá), 12ª Regional de Saúde (CIANORTE), 13ª Regional de Saúde (Umuarama) e 22ª Regional de Saúde (Ivaiporã).
A pró-reitora de Extensão e Cultura da UEM, Débora de Mello Sant’Ana, relembra que a decisão de contratar médicos formados no exterior partiu da necessidade de um maior número de profissionais de saúde com formações diversificadas neste momento de crise.
A Chamada Pública 09/2020 abriu a possibilidade de inclusão destes profissionais que, apesar de não habilitados para desenvolvimento de atos médicos no Brasil por não serem ainda credenciados no Conselho de Medicina, possuem formação e registro nos seus países de formação e, portanto, podem desenvolver ações de extensão e pesquisa.
Para o diretor da 15ª Regional, Ederley Alkamim, o papel destes médicos foi fundamental para que as equipes das pequenas cidades tivessem segurança no manejo e atendimento aos pacientes. “Estes médicos vieram com a proposta da educação permanente, que não conseguiríamos realizar só com os funcionários da 15ª Regional. Eles agregaram valor ao nosso trabalho, lá na ponta – no pequeno município que precisa de um treinamento e, muitas vezes, não temos pessoas para fazer isso”. Ederley ainda destacou que este projeto não pode parar. “Este processo de educação permanente é extremamente necessário”.
A UEM e a 15ª Regional de Saúde já tinham o desejo de desenvolver ações de formação continuada profissional nos municípios e com a atuação dos cinco médicos neste projeto esta vontade se tornou possível mesmo em momento de pandemia.
A coordenadora Grace Jacqueline conta que esses médicos receberam bolsas e atuavam se deslocando, diariamente, até os municípios, fazendo visitas, que tinham três grandes eixos: “trabalhar o fluxo de atendimento às síndromes respiratórias. Eles observavam se o fluxo estava corretamente instalado e davam o suporte técnico-científico para aqueles que não se encontravam de acordo com as normas. Num segundo momento, trabalhavam a paramentação e desparamentação; isto é, o uso adequado de equipamentos individuais. E, por último, davam atenção ao manejo clínico de três grandes problemas: a Covid-19, a H1N1 e, também, a dengue, que ainda vem causando muitos óbitos na região”.
Eles ainda atuaram na orientação e treinamento para o uso do aplicativo de Telemedicina Paraná, nos 29 municípios, e orientação para preenchimento de dados epidemiológicos referentes à pandemia da Covid-19 e da epidemia de dengue.
Gratidão e aprendizado - Muito emocionada, a médica Luana Eduarda Ferrara, formada pela Universidad Internacional Tres Fronteras, em Ciudad del Este (Paraguai), só agradece pela participação no projeto e a cada um que a guiou. “Aqui nós somos pioneiros há muito tempo. E para o pioneiro ficam as glórias e os fracassos. Neste projeto, fizemos nosso melhor, sabíamos que não ia ser fácil, mas fomos com jogo de cintura e trouxemos muitos esclarecimentos para a população. Foi uma experiência incrível”.
A médica Bruna Moura, formada pela Universidad de Aquino Bolívia (Udabol), em Santa Cruz de La Sierra (Bolívia), termina o projeto com sentimento de gratidão e muita garra para seguir na profissão. “Neste projeto fomos muito bem acolhidos, vimos que nosso trabalho tinha resultado e tínhamos um porquê de estarmos ali. As pessoas agradeciam nossa ajuda dia após dia”, destaca ela, que saiu de Rondônia para trabalhar na ação.
Para o médico Rafael Alencar, também formado pela Universidad de Udabol, na Bolívia, foram meses de muito aprendizado. “Estou muito emocionado por tudo que vivemos e por todo o apoio. Foi um trabalho bem feito. Fizemos o que tinha que ser feito. Eu aprendi muito e sou muito grato”.
Tamires Santos de Souza e Edina Jacinto da Silva, ambas também formadas pela Universidad de Udabol, foram outras duas participantes do projeto.
“Como os médicos são brasileiros e planejam exercer a profissão no Brasil, no futuro, a experiência com nosso Sistema de Saúde, o SUS, foi um destaque da participação dos nossos bolsistas no projeto. O trabalho com a UEM os colocou em contato prático com a saúde pública brasileira. Para nós, na Universidade, receber profissionais formados no exterior como nossos bolsistas por quatro meses foi uma importante oportunidade de troca de experiências e informações, intercâmbio realmente. A extensão universitária é caracterizada pelas trocas de informação para construção do conhecimento em conjunto, a partir das formações e vivências diversificadas. Esse projeto é um exemplo disso. Exemplo de sucesso”, concluiu a pró-reitora de Extensão e Cultura, Débora Sant’Ana.