Professor da UEL alerta para fraudes na internet em tempos de pandemia 02/04/2020 - 16:14

"São crimes [na internet] que estão sendo executados que se assemelham a coisas que são feitas normalmente, mas agora estão usando o tema coronavírus para explorar o medo e a ansiedade em relação à pandemia de COVID-19". O alerta é do professor Bruno Bogaz Zarpelão, professor do Departamento de Computação, do Centro de Ciências Exatas (CCE), da Universidade Estadual de Londrina (UEL), sobre os crimes na internet em tempos de isolamento social.

O professor realizou um levantamento sobre os ataques na internet, nas últimas semanas, e identificou alguns tipos que atingem dois públicos. Primeiro, quem atua em teletrabalho, ou seja, trabalha em casa por conta do isolamento social. Segundo, os usuários em geral. Sobre os trabalhadores em atuação domiciliar, Bruno Bogaz Zarpelão afirma que os ataques simulam o ambiente da empresa. Na corporação, há sistemas de segurança (antivírus) que impedem esse tipo de fraude.

Um método comum para o teletrabalho é a ferramenta colaborativa na qual os funcionários de uma empresa ou setor estão conectados. O professor cita o Google Docs, Microsoft e o WhatsApp. Entre os ataques identificados por Bruno Bogaz Zarpelão estão correspondências eletrônicas (e-mails) que fingem ser de algum superior, solicitando ao funcionário acessar links e formulários. Ao fazer isso, o sistema faz o download de softwares maliciosos, sem o usuário perceber, que sequestram dados da máquina. "Esse é um tipo bem específico de ataque que está ocorrendo." Geralmente, os ataques simulam a identidade visual da empresa. Outra situação a ser objeto de atenção é a rede sem fio (wifi).

Confira o áudio:

O professor aconselha os trabalhadores em home office nunca usar redes públicas para acessar sistemas da empresa porque a vulnerabilidade é grande. Para resolver problemas desse tipo, o professor lembra que a empresa deve dotar seus funcionários de equipamentos e sistemas, realizando treinamento. Com a emergência causada pela pandemia mundial de COVID-19 e a disseminação do coronavírus, levando à quarentena, a maioria das empresas e trabalhadores não teve tempo para realizar esse processo.

Por isso, o professor sugere que o trabalhador em home office melhore o desempenho de sua máquina com a ajuda de técnicos do setor de informática da empresa ou amigo especialista; não fazer download de arquivos ou softwares; não dividir senhas, não compartilhar equipamento em casa, principalmente, com crianças que podem baixar softwares suspeitos; e - sempre - confirmar nos grupos de trabalho se foram enviados links, sites e formulários, antes de abri-los.

Usuários - Já o tipo de ataque mais comum com os usuários em geral refere-se a oferecimento de cupons, descontos e outras vantagens, atraindo a atenção das pessoas. O professor cita casos envolvendo, recentemente, empresas como Netflix, Ifood e Ambev. Nessa modalidade, os farsantes enviam links, formulários e - ao clicar - o usuário está suscetível a ter seus dados e contas sequestradas. O mesmo ocorre com a simulação de pedido de doação em nome de organismos internacionais como Unicef. Para evitar ser vítima desses golpes, é importante - segundo o professor - acessar os canais oficiais dessas instituições.

Outro tipo comum de golpe é o registro de sites com domínios que usam na sua composição expressões como corona, coronavírus, pandemia, COVID-19. Segundo o professor, muitos criminosos fazem o registro para se aproveitar de situações como a que se vive atualmente. A partir dos sites de busca, esses endereços são encontrados e ao acessar o usuário pode ficar vulnerável a golpes e instalação, sem saber, de softwares maliciosos em sua máquina. O ideal é procurar informações oficiais em sites conhecidos da imprensa e de órgãos governamentais.

Confira o áudio.

 O professor Bruno Bogaz Zarpelão dá outras dicas para evitar esse tipo de golpe. Primeiro, ele sugere desconfiar sempre. "Não acredite na mensagem imediatamente só porque veio de um perfil conhecido. Use outro canal para confirmar se a pessoa enviou mesmo aquela mensagem. Se você recebeu um link por e-mail". Outra dica é desconfiar de mensagens em que o remetente pede urgência, agilidade ou faça ameaças e indica um link. Segundo ele, o ideal é não clicar nesse tipo de mensagem.