Pesquisadores debatem avanços científicos ligados ao Diabetes 22/02/2019 - 13:52

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Alguns dos principais pesquisadores brasileiros sobre as células beta, responsáveis pela produção e armazenamento da insulina, o hormônio produzido pelo pâncreas, estão reunidos na Universidade Estadual de Maringá para discutir os avanços científicos na área.

Entre estes avanços estão o desenvolvimento de fármacos, muitos dos quais sendo testados, e a descoberta de mecanismos sobre como o pâncreas libera a insulina.

Na prática, isso significa que o cenário é positivo no sentido de poder oferecer aos diabéticos, cujo pâncreas não produz insulina suficiente, novos medicamentos para o tratamento da doença, com a redução do uso de insulina, amenizando, com isso, o incômodo causado pelo processo invasivo da aplicação diária de insulina no corpo e pelo relativo custo monetário.

Os fármacos em teste não apenas previnem o Diabetes, conforme explica o doutorando Sivano Piovan, coordenador do Colóquio, como também possibilitam o tratamento de maneira mais branda.
Denominado 1º Colóquio César Timo-Iaria: a célula beta como alvo da programação metabólica', o evento, no bloco K-68, faz uma homenagem ao médico que empresta o título ao encontro, considerado o pai da neurociência no Brasil, e também aos 50 anos de carreira do fisiologista Ângelo Rafael Carpinelli, da Universidade de São Paulo (USP).

Graduado em Medicina, Carpinelli , participante do Colóquio, tem doutorado em Ciências (Fisiologia Humana), título de Livre Docente pelo Departamento de Fisiologia e Biofísica da USP, onde atualmente é professor titular.

Os 50 anos de carreira do cientista tem como marca o estudo e a contribuição dele com as pesquisas sobre os mecanismos moleculares da secreção de insulina.

Neste período, Carpinelli formou algumas dezenas de pesquisadores que hoje dão continuidade a sua linha de pesquisa, incluindo o professor Paulo Cezar de Freitas Mathias (UEM), idealizador do Colóquio.

A programação do evento busca criar interação e troca de experiências entre pesquisadores, professores e alunos de graduação e pós-graduação que pertencem ou pertenceram a grupos de pesquisas que descendem da orientação de Carpinelli.

O encontro tem a participação de pesquisadores da UEM, Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), USP, Universidade Estadual de Londrina (UEL), Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Universidade Federal de Goiás (UFG), Universidade de Coimbra-Portugal, entre outras instituições.

São pesquisadores e pós-graduandos que investigam como a célula beta é afetada por alterações no metabolismo, sob a ótica do conceito DOHaD (Origens Desenvolvimentistas da Saúde e Doença).
De acordo com este conceito, eventos estressores ocorridos em algumas fases da vida (pré concepção, gestação, lactação, infância e adolescência) podem programar metabolicamente o organismo para o desenvolvimento da saúde e da doença na vida adulta e nas próximas gerações.

Célula Beta

Responsáveis pela produção de insulina, as células Beta residem mais especificamente em regiões do pâncreas conhecidas como Ilhotas de Langerhans e estão intimamente ligadas ao Diabetes.
Além da insulina, as células-beta produzem também outros hormônios, importantes para a regulação do corpo. Um outro detalhe interessante é que, além de fabricar, estas células também armazenam o hormônio.

Ao abrir oficialmente o Colóquio, o professor Paulo Mathias disse que o Laboratório de Biologia Celular da Secreção (LBCS), do qual é o coordenador, tem tradição em organizar eventos.

Ele enalteceu o apoio da atual e das administrações anteriores da UEM na realização destes eventos e no reconhecimento de alguns dos principais cientistas da área da biologia celular.

Mathias destacou o papel de César Timo-Iara, que, conforme o professor, é o fundador da neurofisiologia tal como a conhecemos hoje.

A coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Ciências Fisiológicas (PFS), da UEM, Cecília Edna Mareze da Costa, disse que o evento reunia um pessoal seleto. Ela parabenizou a organização do encontro e afirmou que Mathias conseguiu a proeza de homenagear dois pesquisadores renomados num mesmo Colóquio.

Ex-aluna de Carpinelli, Cecília se referiu a ele como um cientista marcado pela gentileza e a generosidade em ajudar outras pessoas. Destacou, ainda, o fato de existir vários discípulos de Carpinelli, especialmente sob o ponto de vista qualitativo, "todos apaixonados pela célula Beta".

A diretora do Centro de Ciências Biológicas (CCB), Káthia Mourão, disse que sem o trabalho de Carpinelli "não estaríamos aqui". Para ela, a carreira do pesquisador é uma árvore frondoza com ramos, frutos e sementes. Káthia também ressaltou o trabalho de Paulo Mathias, esclarecendo que a atuação dele resultou na criação do Núcleo de Estudos em Diabetes na UEM.

Representando o reitor Julio César Damasceno, o pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação, Clóves Cabreira Jobim, citou um texto de sua preferência, escrito pelo professor Isaac Roitman, segundo o qual a ciência é o melhor caminho para se conhecer o mundo. Outra frase de Isaac, membro da Academia Brasileira de Ciências, é que o conhecimento é o capital do mundo civilizado.

Segundo Clóves, a pós-graduação é sustentada por três pilares: infra-estrutura física, humana e financeira. Na opinião do pró-reitor, o principal deles são os recursos humanos, ou seja, a massa crítica que produz. Por fim, disse que a Universidade saudava o professor Carpinelli em nome dos 56 programas de pós-graduação existentes na UEM.

A equipe do Laboratório de Biologia Celular da Secreção da UEM responde pela organização do Colóquio. O evento conta com o apoio do CCB, Programa Núcleo de Estudos em Diabetes, e dos programas de pós-graduação em Ciências Biológicas (PBC), em Biociências e Fisiopatologia (PBF) e em Ciências Fisiológicas (PFS) da UEM. Outras informações pelo telefone (44) 3011-4892.