Pesquisa da Unicentro comprova potencial terapêutico do alecrim do campo no tratamento do diabetes 26/05/2017 - 10:10

O alecrim do campo é uma planta bastante conhecida em nossa região. O que pouca gente sabe é que essa plantinha, tão fácil de ser encontrada, tem um grande potencial terapêutico. Seus bioativos são importantes aliados no tratamento do diabetes, uma doença crônica e degenerativa caracterizada pela elevação da glicose no sangue, que atinge milhões de pessoas no mundo. Por isso, pesquisadores e profissionais da área da saúde estão sempre concentrando esforços para buscar tratamentos eficientes para controlar essa patologia.

Na Unicentro, por exemplo, uma pesquisa que teve início em 2008 está mostrando avanços significativos. A partir de uma patente depositada na Agência de Inovação Tecnológica da Unicentro, o professor Carlos Ricardo Malfatti, do Departamento de Farmácia – junto com uma equipe interdisciplinar de professores, acadêmicos e pesquisadores – está finalizando estudos clínicos que, em um prazo de dois anos, terão como resultado um produto que auxiliará no tratamento do diabetes. “Nós temos a elaboração, na verdade, de uma estratégia de tratamento. É um tratamento coadjuvante, como se fosse um paralelo ao uso de medicamento”, explicou.

Depois de extrair o princípio ativo da Baccharis Dracunculifolia, nome científico do alecrim do campo, foram realizados exames pré-clínicos, que possibilitaram descobrir a dose certa a ser aplicada para cada tipo da doença. Com isso, a equipe de profissionais está direcionando os trabalhos para a elaboração de produtos específicos. Já existem três possibilidades: a produção de um iogurte natural com adição de Baccharis e ameixa; de um óleo que pode ser usado como tempero; e de uma cerveja com baixos teores alcoólico e de carboidratos e reduzido índice glicêmico. A elaboração dessa bebida faz parte de uma tese de doutorado desenvolvida por um aluno do Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas da Unicentro, que também é um dos parceiros do projeto. “Nós precisamos de um produto que seja palatável. Será, na verdade, algo agradável que poderá trazer vários benefícios a saúde”, disse o professor, explicando o porquê da escolha por esses produtos.

De acordo com Malfatti, os testes quanto a toxicidade e os efeitos colaterais desses produtos já foram realizados. “Tudo isso foi trabalhado a fim de chegar nesse momento, onde temos a segurança de que não traz nenhum malefício, muito pelo contrário, traz muitos benefícios que já foram comprovados e publicados”, afirmou.
Depois que os produtos estiverem prontos para o uso, passarão por um teste com degustadores treinados e também com pacientes voluntários atendidos pelo SUS (Sistema Único de Saúde). “Será um grupo estratégico chamado Hiperdia, que é com pacientes diabéticos e hipertensos. Hoje nós temos mais de 9 mil pacientes cadastrados na nossa região”, contou.

Para que o projeto continue avançando, as parcerias são fundamentais. Além de todos os envolvidos na pesquisa, o professor Malfatti também destacou a importância do suporte dado pela Unicentro, além do apoio de outras instituições de ensino e de lideranças políticas municipais e estaduais. Recentemente, o projeto foi apresentado na Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Paraná (Seti) e obteve aprovação pela UGF (Unidade Gestora do Fundo Paraná) como projeto estratégico na Área de Inovação em Saúde. “Foi realmente um momento de acreditação, prospectando que no final de dois anos nós levantaremos um produto no mercado”, destacou o professor.

Para Malfatti, com as parcerias e o apoio recebido, as pesquisas poderão continuar avançando rumo ao objetivo de colocar no mercado um produto de extrema importância para os pacientes e com grande impacto socioeconômico. “Tratar pacientes do SUS com um produto de baixo custo e alto beneficio, não só pode melhorar a qualidade de vida desses pacientes e prevenir o agravo da própria doença como também pode servir de amparo para que a máquina pública não seja superinflada de procedimentos cirúrgicos, hospitalares, distribuição de fármacos e de consultas”.

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