Pesquisa da UEL com realidade virtual é premiada em maior evento da área 30/09/2019 - 14:51

O estudante Arthur Felipe Echs Lucena, mestrando do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da UEL, ganhou o prêmio de melhor artigo na modalidade "Virtualização Inteligente" no 2º Simpósio Brasileiro de Tecnologia de Informação e Comunicação na Construção (SBTIC), o mais importante evento científico do Brasil na área, e realizado de 19 a 21 de agosto na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). O trabalho foi para os Anais do Simpósio e foi convidado a publicar em uma revista.

Orientada pela professora Fernanda Aranha Saffaro (Departamento de Construção Civil), a pesquisa ainda não foi concluída. Arthur já qualificou a dissertação e a previsão de defesa é ainda este ano. Intitulado "Análise crítica dos avanços no uso de realidade virtual e estratégias baseadas no universo dos jogos para a gestão da segurança na construção civil", embora preliminar, o estudo é central no que se refere aos objetivos da pesquisa.

O mestrando explica que está desenvolvendo um simulador em realidade virtual, voltado para a capacitação de gestores da construção civil, com o objetivo de reduzir riscos durante as obras. O artigo premiado demonstrou um mapeamento de estudos anteriores e dificuldades, e apresentou a proposta do simulador em desenvolvimento.

Para Arthur, a principal novidade não está no jogo de realidade virtual em si, mas na abordagem a partir dele. "Não é apenas um instrumento para visualização da obra, é mais. É a ideia por trás dele", comenta. O pesquisador explica que a proposta é oferecer uma atualização do conhecimento, uma vez que muitos engenheiros não o fazem e, quando se capacitam, normalmente é por metodologias tradicionais (como palestras), mais passivas. Já com o simulador, é possível identificar riscos antes, prevê-los, preveni-los e evitá-los. Ao mesmo tempo, foca na gestão de competência, ou seja, no conhecimento do assunto, na habilidade de abstrair e aplicar o conhecimento, e na atitude (motivação) para aplicá-lo.

ACIDENTES

O conteúdo do jogo prevê tanto as referências das normativas relativas à construção e segurança, quanto relatos de experiências, a partir de dados do Ministério Público do Trabalho e de um documento de compilação de informações referentes a acidentes. A pesquisa bibliográfica reuniu relatos de acidentes desde 2005. Os mais comuns são queda em altura, soterramento e choque elétrico. Para se ter uma ideia, só entre 2011 e 2018 foram 100 mil casos notificados - mas se sabe que existe subnotificação, isto é, o número deve ser bem maior. Arthur aponta que o Brasil é o quarto país em número de acidentes e que a construção civil é a quarta atividade econômica que mais gera acidentes.

O jogo propõe desafios em cada fase - construir uma parede, por exemplo. Mas não é tão rígido a ponto de ter apenas um certo e um errado. "Um problema pode apresentar mais de uma solução e as experiências acumuladas podem demonstrar isso. Dessa forma, o jogo vai somar conhecimento e experiência", explica Arthur. Tudo numa ferramenta que permite que o usuário faça uma imersão e tenha uma experiência sensorial que maximize a interação.

Para a orientadora do estudo, o prêmio coroa uma pesquisa que trouxe avanços, porque o simulador vai bem além de um protocolo de orientação, que aliás também está embutido no jogo. "A realidade virtual é meio e não fim. Não é um jogo apenas para pontuar, mas para exercitar a criatividade e a imaginação, com foco na experiência", diz a professora Fernanda. Além disso, o simulador também poderá ser usado nos cursos de Engenharia, a fim de melhorar as aulas.

Até lá, a pesquisa continua sendo disseminada. Em outubro, Arthur e a professora Fernanda levam o trabalho para o Simpósio Brasileiro de Gestão e Economia da Construção (SIBRAGEC), que será realizado em Londrina e, nesta edição, em associação com sua versão ibero-americana, o Encuentro Latinoamericano de Gestión y Economia de la Construcción (ELAGEC), que trará ao Brasil pesquisadores e consultores da América Latina, Portugal e Espanha.