Paraná terá oito novos centros de pesquisa do leite 31/07/2009 - 14:40

Aproximar a competência do setor público das demandas tecnológicas do setor privado é o primeiro resultado da implantação dos Centros Mesorregionais de Excelência em Tecnologia do Leite (CMETL). Mas tem muito mais: a aquisição de equipamentos para avaliar a qualidade desse produto, a elaboração de um cadastro técnico contendo 82 projetos de pesquisa e 64 trabalhos científicos, a contratação de especialistas, a prestação de consultoria, além do treinamento de inúmeros produtores. O projeto tem o objetivo de dar suporte à cadeia produtiva do leite, desenvolvendo as regiões produtoras, com o aumento da produção e mais qualidade ao produto, melhor remuneração e escoamento do produto.
Os centros ainda não estão implantados, a previsão é que todas as sedes sejam inauguradas até março de 2010, algumas antes, como a da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro), em Guarapuava, cuja previsão é que fique pronta em novembro deste ano, mas os resultados da iniciativa já podem ser contabilizados. “É um impulso para a cadeia produtiva do leite, um setor econômico muito importante do Estado. Vários problemas já estão sendo equacionados”, comemora o coordenador técnico do projeto, o médico veterinário e doutor em reprodução Marco Aurélio Romano, da Unicentro.  
Estrategicamente distribuídos nas regiões produtoras, os centros estão inseridos no Programa Estadual do Leite, coordenado pela Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior e permitirão o apoio ao produtor rural. Capacitação e treinamento, melhoria de pastagem, qualidade, processamentos, industrialização e comercialização do leite de produtos do leite e gestão de propriedades rurais são algumas das atividades contempladas pela iniciativa. É um esforço para tornar mais competitiva a atividade leiteira paranaense e viabilizar a agroindustrialização para novos mercados interno e externo.
RESULTADOS - “O primeiro avanço foi sistematizar as informações para alcançarmos o objetivo da iniciativa que é aglutinar pessoas, vocações e competências dispersas para potencializar a utilização dos conhecimentos e assim promover o desenvolvimento tecnológico da cadeia produtiva do leite”, explica o consultor da secretaria Osmar Muzilli, ressaltando que o mote do programa é a melhoria da competitividade e da qualidade do produto paranaense.
“São várias ações acontecendo ao mesmo tempo, como análises e consultoria”, explica o médico veterinário, mestre em ciência animal e doutor em Zootecnia Eder Fagan da Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP). Por meio de outros projetos, como o Universidade Sem Fronteiras, a universidade está atendendo 25 produtores em Cornélio Procópio e cerca de 40 em Jacarezinho.
De acordo com Fagan, com os resultados aparecendo, os produtores estão procurando informações de como participar dos centros. “Não estamos dando conta da demanda”, diz. O professor conta que já foi instalado na universidade um cromatógrafo líquido de alta performance (HPLC) para análise do leite, de resíduos de pesticidas, metais pesados, toxinas, entre outros, permitindo a análise físico-química e microbiológica e toxicológica do leite.
Os projetos da cadeia produtiva do leite beneficiam produtores como Antônio Rafael de Almeida, que tem recebido assistência veterinária na sua propriedade. “Estamos fazendo a adequação às novas normativas do governo federal com a orientação adequada e isso trará mais qualidade ao nosso produto, com certeza. São resultados que aparecerão em longo prazo”, afirma o produtor.
TROCA DE EXPERIÊNCIA - Reuniões trimestrais entre os coordenadores estreitam a troca de experiências entre os envolvidos com os centros mesorregionais e dão subsídios para a implementação de ações de extensão tecnológica e formação de recursos humanos para a cadeia produtiva do leite no Paraná, facilitando a operacionalização dos centros. Dentro do objetivo de potencializar a extensão tecnológica, com a qualificação e formação dos produtores, 22 eventos foram realizados. Nestas quinta e sexta-feira (30 e 31 de julho) a reunião do grupo acontece na Universidade Estadual de Maringá (UEM).
O projeto de implantação dos centros mesorregionais tem o aporte financeiro do Ministério da Ciência e Tecnologia por meio da Financiadora de Projetos (Finep). Participam do programa as Universidades Estaduais do Centro-Oeste (Unicentro), do Norte do Paraná (UENP), de Londrina (UEL), de Maringá (UEM), de Ponta Grossa (UEPG), do Oeste do Paraná (Unioeste), o Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), a Universidade Federal do Paraná (UFPR), a Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), a Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (SEAB) com o Programa Leite das Crianças e a Rede de Inovação e Prospecção Tecnológica para o Agronegócio (Seti/Ripa).
OUTRAS INICIATIVAS - Apoio à Pecuária Leiteira é um dos quatro sub-programas do Universidade sem Fronteira, coordenado pela Seti, que está presente em 28 municípios paranaenses, com 19 projetos executados. O programa Extensão Tecnológica Empresarial, também da secretaria, tem 17 projetos da cadeia produtiva do leite.  
Outra iniciativa que contempla o setor leiteiro é a Escola Tecnológica de Leite e Queijos dos Campos Gerais, já em funcionamento. A primeira turma tem 30 alunos. A escola faz parte da parceria internacional mantida com a região francesa de Rhône-Alpes.
Além de novos projetos centrados na melhoria da qualidade dos processos e produtos na cadeia do leite visa, também, ampliar as ações do Programa Estadual de Apoio à Pecuária Leiteira, implementado pelo Governo do Paraná em 2007, que conta com 19 projetos cujo foco é a melhoria da qualidade da matéria-prima, dos derivados do leite, da gestão das propriedades e da capacitação dos produtores.

ESTRATÉGICAS PARA APROXIMAR OS CENTROS DA UNIVERSIDADE E USUÁRIOS
A proposta da reunião de trabalho que acontece na Universidade Estadual de Maringá (UEM), nestas quinta e sexta-feira (30 e 31), é estreitar a troca de experiências sobre temas relacionados à qualidade do leite, para subsidiar a implementação de ações de extensão tecnológica e formação de recursos humanos para a cadeia produtiva do leite no Paraná, além de analisar e discutir aspectos relacionados com a operacionalização do projeto. Na oportunidade, serão realizados dois seminários, um sobre a "ordenha higiênica e qualidade do leite – uniformização de técnicas e critérios" e outro sobre a "Avaliação da qualidade do leite pela indústria", além de uma visita a fazenda experimental Iguatemi da UEM.
Durante a reunião técnico-administrativa entram em discussão as ações estratégicas para dinamizar o papel dos centros junto à comunidade acadêmica e usuários, definição de uma agenda comum de ações de extensão tecnológica e formação de recursos humanos em âmbito mesorregional e análise da proposta de criação de um curso integrado de pós-graduação para a cadeia produtiva do leite no Paraná.
“Um dos resultados esperados dos seminários é a produção de documentos, artigos ou cartilhas, sobre a qualidade do leite, para disseminação e uso em eventos de extensão tecnológica e formação de recursos humanos”, afirma o gerente de Transferência e Popularização de Ciência e Tecnologia da UGF, Aldi Feiden. Os documentos serão posteriormente divulgados no portal da Ripasul. Participam da reunião os gestores da Seti e da Unidade Gestora do Fundo Paraná (UGF), o coordenador técnico do projeto Coordenadores dos Centros Mesorregionais de Excelência em Tecnologia do Leite, consultores e bolsistas.

Implantação dos Centros Mesorregionais de Excelência em Tecnologia do Leite no Paraná (Projeto SETI-LEITE)
Produzido por OSMAR MUZILLI, Consultor estadual junto à SETI-UGF,
para divulgação no Portal RIPA, em 7 de julho de 2009.