“Leite Bom” é finalista do Prêmio Banco do Brasil 27/08/2009 - 11:20

Desenvolvido desde 2008, o projeto “Leite Bom”, que integra o Programa Universidade Sem Fronteiras, da Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti), é um dos 125 finalistas do Prêmio Fundação Banco do Brasil. O projeto atende pequenos produtores de leite nas cidades de Ibiporã, Ortigueira, Londrina, Tamarana e Arapongas e visa o controle sanitário dos rebanhos a fim de diagnosticar possíveis casos de brucelose e tuberculose, doenças que podem ser transmitidas aos humanos pelo leite.
Coordenado pelo professor doutor Augusto José Savioli Sampaio, da Universidade Estadual de Londrina (UEL), o “Leite Bom” também tem como objetivos aumentar a produtividade, agregar valor ao produto e incentivar a pecuária leiteira na região. A proposta do Prêmio Fundação Banco do Brasil é identificar, certificar, premiar e difundir tecnologias sociais.
Os pequenos produtores foram selecionados por meio de um mapeamento sócio-econômico, realizado pelo sociólogo bolsista André Ferro, que indicou as propriedades que mais precisavam do atendimento profissional. Após essa primeira fase, iniciou-se o manejo do rebanho pelos veterinários que consiste na vacinação dos animais e também a realização de palestras mensais que abordam temas da pecuária.
Para ser considerado um produtor de leite é preciso ter o rebanho certificado pela Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab). O rebanho deve estar livre, por três anos seguidos, de doenças como a brucelose e a tuberculose. Antes do “Leite Bom”, 88% das propriedades nunca tinham feito exames para detectar essas doenças. O acompanhamento e orientação da equipe de veterinários do projeto conseguiram conscientizar os produtores que ainda resistiam ao controle de suas criações.
O projeto também é uma “ótima experiência”, como afirma o veterinário recém formado Eduardo Murati. “A possibilidade de aplicar os conceitos acadêmicos na prática é uma grande responsabilidade”, complementa.
O graduando Vitor Bogo acredita que a melhor prática é aprender a lidar com produtores, pois “isso não é ensinado em sala de aula”, afirma. O sociólogo André Ferro afirma que “estar em um projeto de veterinária é uma forma de possibilitar o diálogo com outras áreas”. Para ele, presenciar a relação de trabalho dos produtores é fundamental.
Os criadores são os grandes beneficiados, como afirma um dos produtores atendidos pelo projeto, Odilon José Pereira. Há dez anos ele cria bovinos com a intenção de fazer parte de uma cooperativa de leite e aumentar sua produção. Seu Odilon, como prefere ser chamado, nunca havia vacinado o seu rebanho e afirma que preferia ficar sem nenhuma vaca a ter uma doente. “Esse projeto é uma escola, se não fosse os bolsistas não seríamos nada”, diz Pereira.
O conceito compreende produtos, técnicas ou metodologias reaplicáveis, desenvolvidas na interação com a comunidade, que representem soluções efetivas de transformação social. “Estamos na expectativa, torcendo para sermos reconhecidos”, afirma o professor Augusto José Savioli.
USINA DE PASTEURIZAÇÃO
Dois convênios no valor de quase R$ 350 mil, firmados no dia 25 de julho, em Ibiporã, pela secretária de Estado Lygia Pupatto, da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, viabilizaram os recursos para as obras e a compra de equipamentos de implantação de uma Usina de Pasteurização e Transformação de Leite, que vai se somar às ações do projeto “Leite Bom”. “Além de oferecer leite de qualidade, a instalação da usina vai aumentar a renda dos cerca de 500 pequenos produtores rurais de Ibiporã e vai contribuir para que eles permaneçam na sua propriedade”, disse Lygia.
Com previsão de execução em 12 meses, o projeto para Implantação de Usina de Pasteurização e Transformação de Leite em Ibiporã será executado numa parceria entre Prefeitura de Ibiporã, o Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), a Associação dos Produtores de Leite de Ibiporã, Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) e a Universidade Estadual de Londrina (UEL).
No valor de R$ 146 mil, o primeiro convênio prevê a execução da obra em terreno cedido pela Prefeitura Municipal. O segundo convênio libera recursos no valor de R$ 199 mil ao Iapar destinados à aquisição dos equipamentos para a Usina de Pasteurização e Transformação de Leite: um mini-laticínio completo, um tanque de resfriamento de leite e tachos múltiplos para queijo. A equipe do projeto “Leite Bom” oferece suporte técnico aos produtores, juntamente com o Iapar.