HU-UEPG realiza atividades em comemoração ao Dia da Doação de Órgãos 25/09/2019 - 09:31
Se você soubesse que poderia ajudar outras pessoas mesmo após a morte, você ajudaria? No Brasil, no primeiro semestre de 2019, 874 famílias disseram “sim” para esta pergunta e aceitaram doar os órgãos de seus entes queridos. Mas ainda foram 621 “nãos”, que poderiam ajudar cerca de 5000 pessoas. Nesta sexta (27), comemora-se no Brasil o Dia Nacional da Doação de Órgãos. Para chamar atenção para essa data, a Comissão Intra-hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos (CIHDOTT) do Hospital Universitário da UEPG promove uma série de atividades voltadas à conscientização da importância do ato de doar os órgãos.
Pela manhã, a cerimônia da Árvore da Vida reúne as famílias dos pacientes que optaram pela doação de órgãos no último ano em um momento de agradecimento e de homenagem. “Desde 2017 realizamos no mês de setembro, no dia 27, a homenagem aos familiares que, em um momento de luto, puderam pensar no próximo, e com sentimento de amor e compaixão aceitaram a oportunidade de seu familiar ser um doador de órgãos e uma estrela que enviou luz e esperança a tantos pacientes que precisavam desde gesto nobre para poder viver novamente”, destaca o enfermeiro Guilherme Arcaro, coordenador da CIHDOTT.
Na cerimônia, que conta com música e homenagens, um familiar de cada doador coloca na Árvore da Vida, escultura exposta no saguão do hospital durante o ano todo, uma folha em formato de estrela, representando o doador, junto com corações, que representam os receptores, beneficiados com este ato de amor. A base da árvore tem três raízes, representando o doador, o paciente que recebeu a doação e a equipe hospitalar multiprofissional que realiza o processo de intermediação dessa relação.
No HU-UEPG, foram dez doações de órgãos desde setembro de 2018, beneficiando mais de 35 pessoas. Foram captados rins, corações, válvulas cardíacas, fígados e pâncreas. Estes dez pacientes serão representados por seus familiares na cerimônia, recebendo pingentes na Árvore da Vida.
O professor Everson Krum, vice-reitor da UEPG, aponta que a data celebra oficialmente os gestos de bondade e carinho que possibilitam que vidas sejam prolongadas. “Nós, do hospital, ficamos sensibilizados e agradecidos com as várias famílias que doam e somos gratos a dedicação das equipes técnicas de abordagem e captação”, agradece.
Durante a manhã e à tarde, acontecem no saguão do hospital duas exposições: uma exposição artística de desenhos de órgãos passíveis de doação, feitos pela servidora do HU Mari Suzina; e uma exposição de peças anatômicas da Liga Acadêmica de Dissecação (LAD-UEPG). “Em especial, neste ano, temos uma pequena exposição de órgãos transplantáveis, trazendo um pouco de ciência e conhecimento de anatomia à população que frequenta o nosso hospital”, conta o professor Everson Krum, vice-reitor da UEPG.
Como conta o professor José Fabiano Costa Justus, a mostra conta com a participação de acadêmicos que participam da LAD-UEPG, que apresentarão à comunidade alguns órgãos transplantáveis, obtidos pela dissecação de cadáveres doados para o ensino e pesquisa. “Nesta atividade, além de comentar sobre as funções destes órgãos no corpo humano, haverá a demonstração de rins, fígado, coração e outros. Também será permitido àqueles que quiserem, tocar em algumas peças que estarão a disposição”, conta o professor.
O objetivo da exposição é conscientizar sobre a importância de cada órgão, além de criar uma oportunidade de conhecer melhor a anatomia e funções dos órgãos passíveis de doação. Tornar palpável algo que é abstrato (a ideia da doação de órgãos) ajuda, segundo a organização do evento, a conscientizar da importância que cada órgão tem para o funcionamento do corpo humano.
Como funciona o protocolo de doação de órgãos e tecidos dentro do Hospital?
O processo é composto por muitas etapas: desde o momento em que se detecta a possibilidade de morte encefálica em um paciente até a efetivação de um transplante de órgãos, são muitos profissionais envolvidos e uma série de decisões tomadas com responsabilidade e respeito. Morte encefálica é nome legal dado ao óbito de um paciente: é a interrupção irreversível das atividades cerebrais.
De acordo com as orientações da Secretaria de Saúde do Paraná, é preciso que a avaliação da morte encefálica seja feita por dois médicos de diferentes áreas, por meio de um complexo protocolo de exames clínicos e exames complementares. O intuito destes procedimentos é eliminar as dúvidas no processo e comprovar que, realmente, não há mais nenhuma atividade cerebral.
Quando se confirma a morte encefálica, o primeiro passo tomado pela equipe é garantir que haja um entendimento por parte dos familiares do que significa a morte cerebral e uma compreensão da situação. É só depois de garantir o controle emocional que se oferece a possibilidade de ajudar outras pessoas por meio da doação de órgãos.
Há um cuidado especial na forma de tratar o assunto, de acordo com o coordenador da CIHDOTT: “São utilizadas técnicas para a abordagem da família, oferecendo sempre o apoio emocional e explicando de forma clara como funciona o processo de doação. Buscamos tirar as dúvidas e superar preconceitos que são comuns quando se trata deste assunto”, explica. Guilherme destaca, ainda, a importância de comunicar à família o desejo de ser doador e conversar com os familiares sobre essa possibilidade.
Quem pode doar?
Todo paciente de hospital que esteja em morte encefálica é um potencial doador. Segundo a Central Estadual de Transplantes, são contraindicações para a doação de órgãos e tecidos as doenças infectocontagiosas, câncer e infecções graves. No caso de infecções que estejam respondendo a tratamento, é possível doar.
Cada doador pode salvar várias vidas: pode-se doar córneas, coração, fígado, pulmão, rim, pâncreas, ossos, vasos sanguíneos, pele, tendões e cartilagem. Como conta Guilherme, a determinação de quais órgãos podem ser doados é através de uma avaliação clínica de viabilidade. “Além disso, há um respeito ao prazo máximo pedido pela família para liberação do corpo: órgãos como pele e ossos precisam de mais tempo para retirada”, complementa.