Governador inaugura usina para produção de biodiesel no Tecpar 20/07/2007 - 15:10

23/07/2007
O governador Roberto Requião e o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, inauguraram nesta segunda-feira (23) a usina de produção de biodiesel instalada no Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar), na Cidade Industrial de Curitiba. O equipamento tem capacidade para produzir de 500 a 1.000 litros/dia de combustível alternativo e recebeu investimentos de cerca de R$ 1 milhão, proveniente do Fundo Paraná de Ciências e Tecnologia.
Requião disse que, a partir do protótipo, o governo do Estado pretende construir outras usinas no interior do Paraná, para a produção de combustível a um custo mais barato para os agricultores.
“São usinas que podem transformar qualquer tipo de olerícula e até resíduos de animais. Elas serão instaladas no interior do Estado para atender pequenas cooperativas e associações de produtores que, desta forma, a partir de suas lavouras, vão produzir combustível para suas máquinas. É um instrumento de economia sustentável, de fixação do homem no campo e de barateamento do trabalho agrícola da pequena e média propriedade”, destacou o governador.
O secretário da Agricultura e do Abastecimento, Valter Bianchini, lembrou que a inauguração da usina surge num momento em que o governador Roberto Requião está colocando à disposição dos agricultores familiares 4 mil tratores, que podem ser financiados por dez anos, com dois anos de carência, pequena taxa de juros e com pagamento em equivalência/produto, tendo como moeda o milho. “Essas usinas vão com certeza fornecer o biodiesel que esses tratores precisam para movimentar a economia de nosso Estado”, disse o secretário.
O vice-governador Orlando Pessuti fez questão de destacar que a planta de produção de biodiesel, que leva o nome do Nilton Emilio Bührer, é o cumprimento de um plano traçado pelo Governo do Estado em maio de 2003, quando o governador Roberto Requião criou o Programa Paraná Bioenergia, tendo como coordenadores o próprio Pessuti e o ex-secretário estadual de Ciências, Tecnologia e Ensino Superior, Aldair Rizzi.
“Passamos a coordenar um grupo de pessoas e entidades, que iniciaram a discussão para a implantação do programa de bioenergia. E disso resultou uma série de ações. Tivemos seminários, congressos e reuniões, de onde saiu a decisão de construirmos essa planta industrial no Tecpar, para que pudéssemos testar todos os tipos de óleos e certificá-los. Foi quando também surgiu a idéia de que o Iapar e a Emater fariam todo o trabalho de pesquisa de oleaginosas. Hoje, estamos pesquisando 15 variedades, que apresentam ótimos índices de produtividade”, acrescentou.
A solenidade de inauguração também contou com a presença de praticamente todos os secretários de Estado, diretores de órgãos públicos e autarquias, além da delegação francesa da região de Rhône-Ales, que encontra-se no Paraná para estudar o desenvolvimento sustentável e o crescimento das regiões metropolitanas.
Multiuso - A planta de produção do Tecpar é multiuso, isto é, pode testar qualquer tipo de óleo, mas vai começar com o de girassol. O governo quer estudar a possibilidade de aproveitamento de diversas matérias-primas regionais, basicamente óleos vegetais de oleaginosas, tais como a soja, o girassol e o nabo forrageiro, além de gorduras animais.
O projeto contempla também atividades de treinamento e participação em eventos; compra de material de consumo, de dois veículos com motor a diesel para testes e de dois kits de conversão de motores; e a manutenção de equipamentos.
A empresa vencedora da licitação para fornecimento dos equipamentos para a planta de produção de biodiesel do Tecpar foi a Tecnologias Bioenergéticas (Tecbio), de Fortaleza. Criada em 2001, a Tecbio dá continuidade aos trabalhos sobre biocombustíveis realizados pelo pesquisador Expedito Parente, o engenheiro químico que criou em 1977 o processo de obtenção do novo combustível.
“A planta foi adequada segundo normas de segurança e padrões de qualidade e tem uma característica bem marcante vai produzir a energia necessária ao seu funcionamento”, afirmou o diretor técnico do Tecpar, Bill Jorge Costa, que também coordena o Centro Brasileiro de Referência em Biocombustíveis (Cerbio).
Programa - O projeto de instalação da unidade atende aos objetivos do Programa Paranaense de Bioenergia, criado em 2003 pelo governo do Estado para gerir e fomentar ações de pesquisa, desenvolvimento, aplicações e uso de biomassa e implantar no Paraná o biodiesel como um biocombustÍvel adicional à matriz energética – de gasolina, diesel e álcool – utilizada atualmente.
De acordo com o definido no programa, ao Tecpar cabe a produção de biodiesel e o estudo das diferentes matérias-primas indicadas pela Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento e pelo Instituto Agronômico do Paraná (Iapar). “Agora será possível acompanhar a produção e a utilização do produto em escala semi-industrial”, afirma Bill Jorge Costa. “O Tecpar é referência, trabalha na área desde a década de 80”, acrescenta.
Homenagem - O instituto prestou uma homenagem ao professor da Universidade Federal do Paraná, pesquisador e químico do Instituto de Biologia e Pesquisas Tecnológicas (IBPT), precursor do Tecpar, Nilton Emílio Bührer, dando à planta o seu nome. “É um reconhecimento pelo seu trabalho e dedicação à pesquisa científica nessa área. A primeira vez que eu vi biodiesel foi na mão do professor Bührer, uma semana depois nós começamos a testar o produto”, afirmou o pesquisador do instituto José Carlos Laurindo.
Entre inúmeras atividades que desenvolveu, Bührer coordenou vários projetos buscando alternativas energéticas com base agrícola em resposta à crise do petróleo. Ele contribuiu com estudos que originaram o programa pró-álcool do governo federal e os avanços do biodiesel. A família, presente na solenidade, recebeu com satisfação a lembrança: “Lembramos das conversas nos almoços de domingo, quando ele falava que deveríamos pensar em combustíveis alternativos, pois o petróleo iria acabar um dia”, relembra José Conrado Bührer, um dos filhos do homenageado, agradecendo a iniciativa.