Frei Betto faz palestra de abertura no 2º Encontro de Ciência e Tecnologia do Paraná 24/10/2008 - 11:30



Frei Betto e a coordenadora de Ciência e Tecnologia Jackelyne Veneza




“Universidade, ética e responsabilidade social” foi o tema da palestra proferida pelo filósofo, teólogo e escritor Frei Betto na cerimônia de abertura do 2º Encontro de Ciência e Tecnologia do Paraná, em Guarapuava, nesta segunda-feira, 27.
A secretária de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Lygia Pupatto, apresentou o filósofo como “um grande homem, que lutou para que o país voltasse a ser uma democracia. Ele é um exemplo para as novas gerações”. Adepto da Teologia da Libertação e militante de causas pastorais e sociais, o teólogo exerceu a função de assessor do presidente Lula entre 2003 e 2004. Foi também coordenador de Mobilização Social do Programa Fome Zero, e recebeu vários prêmios por sua atuação em favor dos direitos humanos e sociais. Frei Betto é autor de 53 livros até o momento, entre eles, a obra Batismo de Sangue, que relata sua experiência na prisão durante a ditadura militar.
Frei Betto defendeu um modelo de escola que seja núcleo de formação da cidadania. A universidade, para ele, deve ter um programa bem estruturado e objetivos bem definidos. Ele ressaltou a importância do caráter inclusivo que devem ter as pesquisas, e dos vínculos entre a academia e a comunidade.
O teólogo falou sobre o grande número de pessoas que vivem na pobreza e na miséria, e lembrou que apenas um terço da humanidade “ganhou na loteria biológica”, ou seja, não nasceu em condições de miséria. Para ele, isto é uma injustiça, e não pode ser considerado um privilégio, mas uma dívida social.
Em uma análise do impacto da ciência e tecnologia na história, Frei Betto concluiu que o saldo é negativo, pois elas não foram capazes de resolver os problemas sociais. “A tecnologia é capaz de fazer o homem pousar na Lua, mas não é capaz de fazer o alimento pousar no estômago de toda a sociedade”.
Frei Betto se disse impressionado com a quantidade de conteúdo que se produz nas universidades sem jamais chegar ao público. Porém, ressalta, “as universidades estão percebendo, sobretudo através da extensão universitária, a idéia de compromisso e interação com a sociedade, principalmente com a parcela da população que vive na miséria”. O escritor acredita que para criar esse vínculo com a sociedade, é preciso haver sincronicidade entre a academia e os movimentos sociais.
O filósofo acredita que estamos passando por um momento de transição entre a modernidade e a pós modernidade. Entre suas propostas para a universidade neste momento estão seu caráter conscientizador formativo, seu esforço em minimizar as desigualdades e a participação em projetos de mudança da sociedade, que carreguem em seu bojo o ideal de um outro mundo possível.