Equipe de Fisioterapia pulmonar reabilita pacientes com COVID-19 no HU/UEL 26/08/2020 - 14:28
“Atendi pacientes confirmados [de COVID-19] aqui no Hospital Universitário. Estamos em constante mudança de protocolos, atualizações. Não só os membros da residência, mas a equipe da fisioterapia do hospital está engajada na busca de atualizações sobre essa doença para a gente conseguir dar o melhor suporte para o nosso paciente”. A declaração é da fisioterapeuta Nicolle Passos, estudante do 2º ano da Residência em Fisioterapia Pulmonar do Centro de Ciências da Saúde (CCS), que atua no Hospital Universitário (HU/UEL).
Nicolle Passos afirma que o atendimento realizado a pacientes com COVID-19 é uma oportunidade para aperfeiçoar as técnicas na área. “Isso para minha formação, para o meu crescimento profissional e pessoal está sendo muito importante. É uma oportunidade única. Muitas técnicas ou manipulações que, antes eram realizadas em casos específicos, que esporadicamente apareciam no nosso serviço, agora estamos conseguindo aplicar mais”, destaca a fisioterapeuta.
A residente, também do 2º ano, Amanda Guerreiro diz que fazer parte da equipe de Fisioterapia Pulmonar é gratificante e muito desafiador. “Cada dia que passamos dentro de uma UTI/PS/Enfermarias temos um desafio a cumprir, que é oferecer o melhor para o paciente, intervindo diretamente na sua patologia e prevenções dentro do hospital”, comenta. “A residência traz um treinamento em serviço único. Experiência que vamos adquirindo com o passar dos dias é o que mais me faz feliz”.
Amanda afirma que o mais desafiador é lidar com pacientes de alta gravidade, com ventilação complexa, de manejo. “Não vou negar, não está sendo fácil. A essa altura não é mais o medo da COVID-19 que nos deixa ansiosos e frustrados. E sim, o medo de não darmos conta da demanda que chega todos os dias”, afirma. “Com certeza, não somos mais os mesmos residentes, de quando começou a pandemia. Somos mais humanos, mais confiantes”.
O paciente hospitalizado necessita de fisioterapia respiratória para restaurar as funções pulmonares, por perda de capacidade respiratória e também para prevenir complicações futuras. Entre as funções desempenhadas, a fisioterapeuta Nicolle Passos cita que as técnicas visam a restauração da funcionalidade orgânica, a mobilização de secreção, a promoção da reexpansão pulmonar, o ajuste de parâmetros de ventilação mecânica feito com a equipe médica. Ela cita pacientes com doenças prévias que necessitam ainda mais de cuidado.
Confira o áudio.
Atendimentos diários – Os pacientes das unidades de terapia intensiva (UTI) passam, diariamente, por três sessões de fisioterapia, sendo nos três períodos: matutino, vespertino e noturno. Já os pacientes das enfermarias recebem duas sessões diárias. Antes da pandemia de COVID-19, eram realizados, em média, 130 atendimentos diários. Com o avanço da doença, esse número aumentou quatro vezes. A informação é da coordenadora da Residência em Fisioterapia Pulmonar Vanessa Suziane Probst, professora do Departamento de Fisioterapia do CCS, com dados da Divisão de Fisioterapia do HU/UEL.
Segundo a professora, o atendimento em fisioterapia no HU/UEL é realizado pelos fisioterapeutas estatutários, pelos residentes, pelos docentes plantonistas e pelos profissionais prestadores de serviços, contratados por processo seletivo. “Todo mundo teve que realmente entrar na escala e se organizar para a gente conseguir dar conta da demanda devido ao grande aumento no número de pacientes”, afirma. A professora Vanessa avalia que a pandemia forçou o aprimoramento de processos.
Confira o áudio.
Programa – O programa da Residência em Fisioterapia Pulmonar é voltado para o treinamento em serviço, com atividades teóricas e práticas. “Mas o foco é realmente o aprofundamento no exercício da especialidade com atividades práticas”, afirma a professora Vanessa Probst. A carga horária total do programa é de 5.760 horas, cumpridas em período integral com 60 horas de atividades semanais. “São dois anos bem intensos de atividades”, comenta a professora.
No primeiro ano, os residentes realizam atendimento de pacientes ambulatoriais e os que estão internados nas enfermarias. No segundo ano, o atendimento visa pacientes em estado grave, hospitalizados nas unidades de terapia intensiva. O residente passa por várias unidades: adulto, pediátrica, neonatal, no serviço de urgência e emergência (Pronto Socorro) e no Centro de Tratamento de Queimados, que tem enfermaria e UTI específicas.
A residência em Fisioterapia Pulmonar atende os pacientes com diferentes doenças respiratórias, cardíacas e, também, desempenha papel muito importante no pós-operatório de cirurgias de outras especialidades. Em relação ao paciente de COVID-19, aqueles com sintomas leves e moderados são atendidos nas enfermarias. “Geralmente eles precisam fazer exercícios respiratórios. Além disso, o fisioterapeuta também atua no desmame [retirada] do uso de oxigênio, muitas vezes necessário para esses pacientes”, explica a professora Vanessa Probst.
Os fisioterapeutas também atendem os pacientes com COVID-19 mais graves, que acabam evoluindo com insuficiência respiratória e precisam de intubação orotraqueal e ventilação mecânica. “Esses pacientes costumam ficar internados por período prolongado na UTI e desenvolvem uma série de complicações que precisam de atenção e cuidado”, afirma a professora. Segundo ela, a reabilitação desses pacientes pode demorar muitos meses, até anos, dependendo do caso.
Esses pacientes precisarão de atendimento. Para tanto, a equipe está elaborando um projeto para oferecer tratamento ambulatorial ou domiciliar, conforme o paciente. O projeto, conforme a professora, está em fase final de aprovação e deverá ter início em breve. Essa iniciativa envolve as residentes em Fisioterapia Pulmonar, além de professores de vários departamentos do CCS e alunos do Programa Pós-Graduação em Ciências da Reabilitação, em nível de mestrado e doutorado.