Com foco em desenvolver um sistema de banco de dados centralizado sobre a fauna marítima da região portuária, surge o Projeto Data Symbion. Realizado por meio de uma parceria entre a ONG MarBrasil, a Universidade Estadual do Paraná (Unespar), campus de Paranaguá e o Instituto Federal do Paraná (IFPR) de Paranaguá, o projeto é financiado pela Fundação Grupo Boticário. Além de facilitar o acesso a dados, o sistema também poderá auxiliar na criação de políticas públicas voltadas à conservação marinha.

Coordenado pelos professores Pablo Damian Borges Guilherme, do campus local da Unespar, e Leandro Angelo Pereira, do IFPR, o projeto pretende criar um sistema com acesso multiusuário, possibilitando que pesquisadores e analistas ambientais publiquem seus resultados, ao mesmo tempo em que tenham acesso a dados de outras pesquisas. “O gerenciamento é um desafio, pois deve englobar decisões para a conservação da biodiversidade”, ressalta o professor Borges. 

Conforme conta, a urgência por um banco de dados tornou-se evidente no Encontro Nacional Interdisciplinar em Ciência, Tecnologia e Sociedade do IFPR, realizado com o apoio do Terminal de Contêineres de Paranaguá (TCP) e outras instituições portuárias, quando se debateu a necessidade de padronização das metodologias, bem como da organização e integração das informações em um sistema que possibilitasse análises associadas entre a biodiversidade e os múltiplos impactos ambientais.

A PESQUISA - Para desenvolver essa metodologia, o projeto conta com a participação de professores e quatro estagiários bolsistas de Ciências Biológicas e Tecnologia da Informação (TI) que trabalharão em conjunto por 24 meses. Em um primeiro momento, a ideia é utilizar um recorte da biodiversidade presente na chamada fauna bentônica de fundos consolidados, ou seja, no conjunto de animais marinhos que vivem sobre rochas e outros materiais depositados no fundo oceânico. Essa fauna já conta com registros disponíveis de diferentes estudos, realizados em vários anos, compilados e organizados pelos professores Pablo e Rafael Metri, do campus local da Unespar.

No desenvolvimento das atividades da tecnologia da informação, o projeto conta com os professores Elvis Canteri de Andrade e Hugo Alberto Perlin, docentes da área de TI do IFPR, ambos com experiência no desenvolvimento de sistemas computacionais, gerenciamento de dados e extração automatizada de conhecimento.  “Entendemos que facilitar o acesso às informações dos dados coletados por meio de ações de monitoramento ambiental possibilitará um melhor embasamento para a proposição de políticas públicas”, destaca Perlin.

No segundo ano do projeto, serão promovidos workshops e webinários com especialistas na área da macrofauna das Bentos (comunidades de organismos que vivem no fundo oceânico), para validação e organização das espécies, e nos métodos aplicados nos monitoramentos ambientais portuários. Ao final, o sistema será apresentado aos futuros utilizadores para o refinamento, adaptando, assim, as ferramentas de visualização dos dados para os empreendedores portuários, pesquisadores, órgão fiscalizador e tomadores de decisão.

PARCEIROS - O projeto conta com o apoio técnico da Associação dos Portos de Paranaguá e Antonina (APPA) e da TCP de Paranaguá, que disponibilizaram as informações para o desenvolvimento do banco de dados. Além disso, estuda-se a integração do Data Symbion com outros bancos de dados, portais e iniciativas, como por exemplo, o World Register of Marine Species (WoRMS), Ocean Biodiversity Information System (OBIS), Projeto Baías (UFPR) e Licenciamento Ambiental Integrado (Prolin) do Ministério Público do Paraná (MPPR).