Documentário produzido por alunos da FAP recebe prêmio em Festival 17/09/2010 - 11:39

“Cinematoso”, longa que documenta a vida e a obra de um cineasta amador da cidade de Paranaguá (PR), conquistou o júri da 4ª edição do “Festival Cinema na Floresta” com seu bom humor e com a declaração de amor que faz ao Cinema.
Dirigido por Bruno de Oliveira, o longa mostra a trajetória de Cyro Matoso, um homem aposentado que desde 1975 faz das tripas coração para jamais deixar de realizar o que mais lhe faz feliz: filmes. Em Super 8 ou VHS, usando arames e papel machê como cenário, barbantes como efeitos especiais e amigos como atores, os filmes de Matoso já são considerados até “patrimônio histórico e cultural” de Paranaguá. Na cidade, todos o conhecem.
Mais do que simplesmente documentar a obra de Matoso, os produtores do filme tiveram uma ótima ideia: produzir um roteiro do cineasta amador, que seria filmado simultaneamente ao documentário. Assim, enquanto Bruno de Oliveira dirigia “Cinematoso”, o próprio Cyro dirigia seu
média “O Tesouro Maldito dos Piratas”, o que acabou resultando num atrativo processo de metalinguagem documental.
Mas para quem não está nem aí com metalinguagens, a boa notícia é que “Cinematoso” é terno e hilariante. O cineasta amador desenha ele próprio num caderno as cenas que vai filmar. Pinta quadros para vender e financiar seus filmes com o dinheiro arrecadado. Cria cronogramas de filmagens que jamais serão respeitados, e não raramente seus atores o abandonam por cansaço. Já houve casos em que substituiu um ator no meio das filmagens e ficou tudo por isso mesmo: durante o filme, o mesmo personagem foi vivido por dois atores, sem problema nenhum. Puro Buñuel. Tem mais: Cyro se acha parecido com Charles Bronson.
O produtor Adriano Estrurilho, que representou o filme no Festival, informa que o projeto inteiro custou somente 80 mil reais. Só isso por um filme? Na realidade, pelos dois: com os 80 mil, foram produzidos tanto o “Cinematoso” quanto “O Tesouro Maldito dos Piratas”, que no
final de todo o processo foi exibido na Cinemateca de Curitiba com honras de pré-estreia. “Cinematoso” foi produzido por alunos da Faculdade de Artes do Paraná (FAP), umas das instituições vinculadas à Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti).