Disque-Gramática da UEL aumenta canais de atendimento 23/08/2017 - 11:41
Ao completar 22 anos de existência, o Disque-Gramática, um dos mais antigos projetos de extensão da UEL, amplia as possibilidades de atendimento junto à população de Londrina e região. Canais como redes sociais e e-mail são cada vez mais usados para sanar dúvidas acerca da estrutura e funcionamento da Língua Portuguesa. O atendimento via redes sociais só aumenta a proximidade entre a Universidade e a população. São registrados cerca de 100 atendimentos por mês.
Apesar da adoção de novos meios de contato, o atendimento por telefone ou presencial, na Sala 20, do Centro de Letras e Ciências Humanas (CCH), ainda são ofertados. A iniciativa conta com a participação de alunos do curso de Letras-Português, e já acumula mais de 120 estudantes de graduação e pós-graduação que passaram pelo projeto.
O objetivo é tirar dúvidas sobre questões ligadas à gramática da Língua Portuguesa, entre elas ortografia, concordância, acentuação, sintaxe, além de semântica do português. Hoje, os atendimentos são realizados por cinco alunos, sob supervisão das professoras do Departamento de Letras Vernáculas e Clássicas, Cristina Simon e Maria Isabel Borges, atual coordenadora do projeto.
Quem busca atendimento dentro do projeto tem à disposição serviços que dão suporte para ler, falar e escrever corretamente. É o caso de dúvidas ligadas ao uso da crase, hífen, concordância, pontuação e ortografia, que segundo a equipe do projeto são as principais demandas, além da correção de pequenos textos. De acordo com Cristina Simon, que assume o projeto a partir do próximo mês, "embora o projeto chame Disque-Gramática, não é só sobre gramática, e também não é só por meio do disque", resume a professora.
Além de atuar como referencial da norma padrão do Português brasileiro, o projeto busca esclarecer questões concernentes à formação da Língua Portuguesa, bem como incentivar a compreensão da língua enquanto organismo vivo, ao mesmo tempo desconstruir o preconceito linguístico. "A gente não só corrige, que é o nosso papel. Mostramos como é a norma padrão, não fugimos desse compromisso. Mas, tentamos explicar porque algumas pessoas falam "errado" e abordar questões linguísticas sobre o porquê falamos como falamos, esclarecendo que a língua é viva e no futuro pode mudar", explica a professora Cristina.
O fato é que o Disque-Gramática conquistou ao longo dos anos credibilidade e confiança da comunidade acadêmica e da comunidade externa. Conquista significativa diante da era digital, em que a facilidade da internet, sempre ao alcance das mãos, sem mencionar a expansão avassaladora das redes sociais, proporciona uma avalanche de fontes de pesquisa nem sempre confiáveis.
Professora Cristina Simon
É o que justamente defende a professora Cristina Simon, que aposta na credibilidade enquanto um diferencial. "O Disque-Gramática é uma fonte que reúne e que filtra outras fontes. Aqui você encontra professores e alunos focados em questões sobre a Língua e a Linguagem, isso confere uma credibilidade muito grande. O Google é só uma porta para muitas outras portas, ele pode te conduzir a uma fonte errada", completa.
Trajetória - O projeto começou em 1995, idealizado e criado pelo professor aposentado da Universidade Joaquim Carvalho da Silva, que participou assiduamente até a aposentadoria em 2015. O professor Joaquim esteve à frente do projeto ativamente durante duas décadas. Ele inclusive lançou o livro "Gramática? Na prática pode ser diferente", publicado em 2010 pela Editora da Universidade Estadual de Londrina (EDUEL).
A publicação reúne dúvidas mais frequentes registradas desde a criação do projeto, além de perguntas selecionadas dentro do programa Fala Brasil, veiculado desde 2006 pela rádio Paiquerê (AM-1110). O programa é transmitido de segunda-feira a sábado, dentro do Jornal da Manhã, que começa às 7h30. São programas com duração máxima de cinco minutos, que abordam temas selecionados a partir de perguntas que chegam ao Disque-Gramática. Entre elas, ortografia e etimologia de palavras que estão "em alta" na mídia ou redes sociais; ou dúvidas ocasionadas pelo novo Acordo Ortográfico.
Em veiculações recentes, o programa destacou a terminologia "pós-verdade", eleita como termo do ano pelo dicionário Oxford. Outros exemplos são o termo hipercorreção, fenômeno de cuidado excessivo com a linguagem, além das mesóclises, frequentemente utilizadas pelo presidente Michel Temer.
Além de livro e programa de rádio, o Disque-Gramática também foi tema de tese, intitulada "Reciprocidades entre formação de professores e extensão universitária: o projeto disque-gramática", defendida em 2010 pela própria professora Cristina Simon dentro do Programa de Pós-graduação em Estudos da Linguagem. Orientada pela professora Regina Maria Gregório, a pesquisa teve como objetivos verificar as reciprocidades entre a formação de professores de Língua Portuguesa e a extensão universitária presentes no projeto de extensão Disque-Gramática.
Atual equipe do projeto de extensão
Experiência - O ex-aluno da UEL, Marcos Nakayama, formado em Letras-Português em 2008, conta que participou do projeto por três anos durante os quatro de graduação. Ele conta que a experiência foi produtiva, e ao mesmo tempo, muito desafiadora. Hoje, Marcos atua no Rio de Janeiro. "A experiência foi muito produtiva, o espaço do projeto era aproveitado entre nós estagiários para discutirmos gramática e trocarmos experiências de atendimento ao público. As dúvidas nos desafiavam porque, geralmente, não se tratavam de classificação gramatical puramente, como aprendemos na escola, mas a aplicação da gramática em situações reais de textualidade", lembra Marcos.
Outro legado, segundo Marcos, é o fator humano do atendimento, que agregou uma inesquecível experiência para a vida profissional e pessoal, além do aspecto técnico. Ele conta que, além de entender do funcionamento da Língua Portuguesa, ter "jogo de cintura" é essencial no atendimento, principalmente com o público mais inflexível.
"Uma vez, atendi uma senhora que havia ouvido, no Programa Sílvio Santos, que, no primeiro verso do hino nacional, não ocorria crase em "às margens plácidas". Eu tentei por diversas vezes explicar que a informação estava correta, mas não conseguia falar mais de três palavras sem ser interrompido pela senhora indignada, dizendo que sempre houve essa crase e que em seus livros escolares havia a crase. No fim eu percebi que não seria ouvido, e ela só precisava de alguém para desabafar", conta.
Ele conta ainda que a relação entre os participantes era de proximidade. Ainda segundo Marcos, os professores responsáveis pelo projeto sempre foram abertos ao diálogo. "Participamos de vários congressos juntos para apresentar o projeto. E ainda hoje, após 11 anos, sempre que possível realizamos em Londrina encontro de ex-participantes", conta.
Serviço
O Disque-Gramática fica na Sala 20 do Departamento de Letras Vernáculas e Clássicas, do CCH. Além de sanar dúvidas pelo emeio disque-gramatica@uel.br, a equipe também atende por meio do endereço eletrônico www.facebook.com/DisqueGramaticaUEL/ . O telefone é 43-3371-4619.
Apesar da adoção de novos meios de contato, o atendimento por telefone ou presencial, na Sala 20, do Centro de Letras e Ciências Humanas (CCH), ainda são ofertados. A iniciativa conta com a participação de alunos do curso de Letras-Português, e já acumula mais de 120 estudantes de graduação e pós-graduação que passaram pelo projeto.
O objetivo é tirar dúvidas sobre questões ligadas à gramática da Língua Portuguesa, entre elas ortografia, concordância, acentuação, sintaxe, além de semântica do português. Hoje, os atendimentos são realizados por cinco alunos, sob supervisão das professoras do Departamento de Letras Vernáculas e Clássicas, Cristina Simon e Maria Isabel Borges, atual coordenadora do projeto.
Quem busca atendimento dentro do projeto tem à disposição serviços que dão suporte para ler, falar e escrever corretamente. É o caso de dúvidas ligadas ao uso da crase, hífen, concordância, pontuação e ortografia, que segundo a equipe do projeto são as principais demandas, além da correção de pequenos textos. De acordo com Cristina Simon, que assume o projeto a partir do próximo mês, "embora o projeto chame Disque-Gramática, não é só sobre gramática, e também não é só por meio do disque", resume a professora.
Além de atuar como referencial da norma padrão do Português brasileiro, o projeto busca esclarecer questões concernentes à formação da Língua Portuguesa, bem como incentivar a compreensão da língua enquanto organismo vivo, ao mesmo tempo desconstruir o preconceito linguístico. "A gente não só corrige, que é o nosso papel. Mostramos como é a norma padrão, não fugimos desse compromisso. Mas, tentamos explicar porque algumas pessoas falam "errado" e abordar questões linguísticas sobre o porquê falamos como falamos, esclarecendo que a língua é viva e no futuro pode mudar", explica a professora Cristina.
O fato é que o Disque-Gramática conquistou ao longo dos anos credibilidade e confiança da comunidade acadêmica e da comunidade externa. Conquista significativa diante da era digital, em que a facilidade da internet, sempre ao alcance das mãos, sem mencionar a expansão avassaladora das redes sociais, proporciona uma avalanche de fontes de pesquisa nem sempre confiáveis.
Professora Cristina Simon
É o que justamente defende a professora Cristina Simon, que aposta na credibilidade enquanto um diferencial. "O Disque-Gramática é uma fonte que reúne e que filtra outras fontes. Aqui você encontra professores e alunos focados em questões sobre a Língua e a Linguagem, isso confere uma credibilidade muito grande. O Google é só uma porta para muitas outras portas, ele pode te conduzir a uma fonte errada", completa.
Trajetória - O projeto começou em 1995, idealizado e criado pelo professor aposentado da Universidade Joaquim Carvalho da Silva, que participou assiduamente até a aposentadoria em 2015. O professor Joaquim esteve à frente do projeto ativamente durante duas décadas. Ele inclusive lançou o livro "Gramática? Na prática pode ser diferente", publicado em 2010 pela Editora da Universidade Estadual de Londrina (EDUEL).
A publicação reúne dúvidas mais frequentes registradas desde a criação do projeto, além de perguntas selecionadas dentro do programa Fala Brasil, veiculado desde 2006 pela rádio Paiquerê (AM-1110). O programa é transmitido de segunda-feira a sábado, dentro do Jornal da Manhã, que começa às 7h30. São programas com duração máxima de cinco minutos, que abordam temas selecionados a partir de perguntas que chegam ao Disque-Gramática. Entre elas, ortografia e etimologia de palavras que estão "em alta" na mídia ou redes sociais; ou dúvidas ocasionadas pelo novo Acordo Ortográfico.
Em veiculações recentes, o programa destacou a terminologia "pós-verdade", eleita como termo do ano pelo dicionário Oxford. Outros exemplos são o termo hipercorreção, fenômeno de cuidado excessivo com a linguagem, além das mesóclises, frequentemente utilizadas pelo presidente Michel Temer.
Além de livro e programa de rádio, o Disque-Gramática também foi tema de tese, intitulada "Reciprocidades entre formação de professores e extensão universitária: o projeto disque-gramática", defendida em 2010 pela própria professora Cristina Simon dentro do Programa de Pós-graduação em Estudos da Linguagem. Orientada pela professora Regina Maria Gregório, a pesquisa teve como objetivos verificar as reciprocidades entre a formação de professores de Língua Portuguesa e a extensão universitária presentes no projeto de extensão Disque-Gramática.
Atual equipe do projeto de extensão
Experiência - O ex-aluno da UEL, Marcos Nakayama, formado em Letras-Português em 2008, conta que participou do projeto por três anos durante os quatro de graduação. Ele conta que a experiência foi produtiva, e ao mesmo tempo, muito desafiadora. Hoje, Marcos atua no Rio de Janeiro. "A experiência foi muito produtiva, o espaço do projeto era aproveitado entre nós estagiários para discutirmos gramática e trocarmos experiências de atendimento ao público. As dúvidas nos desafiavam porque, geralmente, não se tratavam de classificação gramatical puramente, como aprendemos na escola, mas a aplicação da gramática em situações reais de textualidade", lembra Marcos.
Outro legado, segundo Marcos, é o fator humano do atendimento, que agregou uma inesquecível experiência para a vida profissional e pessoal, além do aspecto técnico. Ele conta que, além de entender do funcionamento da Língua Portuguesa, ter "jogo de cintura" é essencial no atendimento, principalmente com o público mais inflexível.
"Uma vez, atendi uma senhora que havia ouvido, no Programa Sílvio Santos, que, no primeiro verso do hino nacional, não ocorria crase em "às margens plácidas". Eu tentei por diversas vezes explicar que a informação estava correta, mas não conseguia falar mais de três palavras sem ser interrompido pela senhora indignada, dizendo que sempre houve essa crase e que em seus livros escolares havia a crase. No fim eu percebi que não seria ouvido, e ela só precisava de alguém para desabafar", conta.
Ele conta ainda que a relação entre os participantes era de proximidade. Ainda segundo Marcos, os professores responsáveis pelo projeto sempre foram abertos ao diálogo. "Participamos de vários congressos juntos para apresentar o projeto. E ainda hoje, após 11 anos, sempre que possível realizamos em Londrina encontro de ex-participantes", conta.
Serviço
O Disque-Gramática fica na Sala 20 do Departamento de Letras Vernáculas e Clássicas, do CCH. Além de sanar dúvidas pelo emeio disque-gramatica@uel.br, a equipe também atende por meio do endereço eletrônico www.facebook.com/DisqueGramaticaUEL/ . O telefone é 43-3371-4619.