Deficientes visuais frequentam o Cursinho da UEL
13/06/2013 - 16:39

Desde 1996 que a Universidade Estadual de Londrina (UEL) mantém um curso preparatório para ingresso em universidades e faculdades. O Curso Especial Pré-Vestibular da UEL (CEPV) é voltado para funcionários, servidores da universidade e para a comunidade de baixa renda. Uma das novidades é a parceria que a UEL estabeleceu com o Instituto dos Cegos de Londrina que possibilitará aos deficientes visuais o acesso às aulas.

O curso passou a utilizar um programa de computador que transforma as informações em arquivo de voz, e isto fez com que pela primeira vez, três deficientes visuais pudessem ter acesso ao conteúdo das aulas e frequentar o curso preparatório para o vestibular. Outra técnica utilizada é a transcrição das redações produzidas em Braille pelos alunos, para o português. A expectativa é que outros deficientes visuais também sejam atendidos ao longo deste ano. Na avaliação da diretora do CEPV, Rita de Cássia Rodrigues de Oliveira, os alunos já estão adaptados à rotina de aulas do cursinho.

“O comprometimento deles com as aulas chama atenção de todos. Sem dúvida a experiência só traz benefícios”, disse Rita. A iniciativa também é uma oportunidade de trazer os alunos para o Campus Universitário, conforme aponta Rita de Cássia. Ela ainda lembra que a própria Coordenadoria de Processos Seletivos (COPS) oferece a prova em Braile para candidatos com deficiência visual.

O aluno Leonardo Massaroto Crema, 20 anos, que cursou o Ensino Médio no Colégio Vicente Rijo, grava todas as aulas para depois ouvir em casa. Segundo ele, a adaptação à rotina de aulas do cursinho foi rápida. Ele ainda está em dúvida para qual curso tentar uma vaga. “Será Jornalismo ou Direito, ainda não decidi”, completou. Leonardo perdeu a visão após um deslocamento de retina aos 16 anos de idade. O jovem faz parte da dupla sertaneja “Lucas e Leo”, que já gravou um CD e faz show em Londrina em várias cidades.

Alef Campus Garcia, que nasceu prematuro e perdeu a visão de maneira gradativa, compara as aulas do cursinho com as aulas do Ensino Médio. “Prefiro as aulas o cursinho, porque o professor fala do começo ao fim”, apontou. Além do cursinho, ele frequenta as aulas de braile do Instituto dos Cegos de Londrina, onde também atua como voluntário dando aulas de informática para outros deficientes visuais.

Outras conquistas fazem parte da vida de Alef, que vai tentar uma vaga no curso de Psicologia. No ano passado, ele ficou em quinto lugar na Olimpíada do Conhecimento, na categoria deficiente visual, com o tema Tecnologia da Informação. Ele inclusive esteve em Brasília, na cerimônia de entrega dos prêmios, que contou com a presença da presidente Dilma Rossef.

“A força de vontade deles é um exemplo e um incentivo para os demais alunos. É uma experiência fantástica”, resume a professora de Filosofia do CEPV, Débora Teixeira Moreira, que ainda ressalta a inteligência e a curiosidade dos alunos. Já o professor de Artes, Ricardo Rafalski, que já foi aluno do cursinho e hoje está no segundo ano do curso de Artes Visuais, conta que a aula é montada de acordo com as necessidades dos deficientes visuais. “É uma aula que aumenta a interação entre professor e aluno”, afirmou. 

Só no último Vestibular da UEL o Curso Especial Pré-Vestibular da UEL aprovou 155 candidatos. Segundo informações da direção do cursinho, a média de aprovação é de 35%. O curso é gratuito e atualmente atende 550 alunos com 42 professores, todos alunos dos cursos de graduação da Universidade. Oferece também plantão, palestras sobre orientação profissional, oficina e simulados. As aulas acontecem nos períodos vespertino e noturno.