Da cultura Maori a paisagem inesperada: alunos do Ganhando o Mundo falam sobre Nova Zelândia 11/10/2022 - 17:30

Os estudantes da rede estadual de ensino, participantes da segunda edição do programa Ganhando o Mundo, do Governo do Paraná, já passaram por algumas experiências inusitadas durante o intercâmbio na Nova Zelândia. Realizado pela secretaria estadual da Educação e do Esporte, o programa proporciona experiência de intercâmbio internacional para conhecimento cultural e aperfeiçoamento da língua inglesa.

Desde o fim de julho, 100 estudantes de diferentes municípios do Estado estão cursando um semestre letivo no país da Oceania, onde foram divididos em diversos colégios de sete diferentes cidades e suas respectivas regiões, sendo cinco na chamada Ilha do Norte: em Auckland, Napier, Palmerston North, Rotorua e a capital Wellington; e duas na Ilha do Sul: Christchurch e Invercargill. O país insular é composto por essas duas ilhas principais e várias ilhas menores.

Uma das selecionadas foi Amanda Schmitt, de 15 anos, do Colégio Estadual Coelho Neto, de São Miguel do Iguaçu (Oeste). Ela conta que uma experiência proporcionada pela viagem foi descobrir e conhecer melhor a cultura Maori, já que algumas vezes na escola os alunos cantam o hino da Nova Zelândia na versão Maori – na qual o país é denominado de Aotearoa –, e realizam “A oração do senhor”.

Antes da colonização britânica, o povo Maori predominava no território e até hoje tem descendentes e grande importância para a identidade cultural do país, expressão conhecida mundialmente com os All Blacks (time de rúgbi do país) e as danças antes dos jogos. 

Outra memória que ela nunca esquecerá foi o dia em que estava deitada na cama e a casa começou a balançar. “Era um terremoto de grau 5.5 na Escala Richter, por sorte, estava a 80 km do epicentro”, diz Amanda, relatando o susto que passou na cidade de Paraparaumu, a 50 km da capital Wellington, onde estuda na escola Kapiti College.

Em Nova Zelandia, percebeu que as pessoas são muito educadas, as ruas são limpas, além de ser um país extremamente seguro. “Diferente do que acontece no Brasil, eles não almoçam, apenas fazem um lanche. A única refeição com comida é o jantar, o qual é geralmente feito em família e servido às 18 horas”, relata.

CRESCIMENTO PESSOAL – Além da imersão cultural, acadêmica e do aperfeiçoamento na língua inglesa, um dos objetivos do programa também é o crescimento pessoal do estudante, como relata a aluna Gabriela Martins da Silva, 15 anos. “A experiência está sendo inesquecível, a necessidade de tomar as próprias decisões, lidar com dinheiro e ser mais responsável fez com que eu amadurecesse e crescesse não apenas como estudante, mas também como pessoa”, diz a estudante do Colégio Estadual Teófila Nassar Jangada, de Reserva (Campos Gerais).

O começo do intercâmbio foi difícil, pois deixar o próprio país e o conforto de casa e ir para um lugar com novas pessoas e um idioma diferente foi desafiador. Para facilitar a adaptação, Gabriela procurou estudar a cultura e está aproveitando ao máximo para conhecer lugares e pessoas, trazendo um conhecimento maior quando retornar ao Brasil. Não que isso tenha sido fácil, mas rendeu histórias para contar.

Na primeira semana em que teve que utilizar o ônibus da cidade para voltar à casa, precisou fazer uma troca de linhas. Mesmo ao lado da host sister (filha da família com a qual está hospedada), as jovens foram parar em uma praia muito longe e perceberam que haviam entrado no ônibus errado, ficando um pouco nervosas e sem saber o que fazer. Segundo Gabriela, a praia era linda, então aproveitaram a viagem errada para descer no local e tirar fotos.

No fim, as duas pediram ajuda a um casal de idosos que passavam pela praia, que confirmaram que elas estavam longe de casa, mas de forma simpática ofereceram uma carona de volta. “Hoje a história é engraçada, mas na hora foi complicado e rendeu uma bronca de minha host mom (a mãe da família com a qual ela está morando)”, afirma.

“Tudo isso se torna possível graças a projetos como esse, que possibilitam alunos de escolas públicas, assim como eu, a ganhar o mundo e vivenciar experiências que irão transformá-los para sempre”, enfatiza o estudante Kaiki José Zvir, que também está na Nova Zelândia. Ele diz que vai voltar com uma outra visão sobre sua vida e com muitos conhecimentos e experiências novas de volta para Jesuítas (Oeste), onde estuda no Colégio Estadual Castelo Branco.

GANHANDO O MUNDO – O programa de intercâmbio financiado pelo Governo do Estado oferece vivência em uma escola do exterior com a prática da língua inglesa, hospedagem com uma família local, desenvolvendo a autonomia e ampliando os repertórios culturais e acadêmicos dos estudantes. Os alunos da primeira edição passaram um semestre letivo no Canadá, entre fevereiro e julho deste ano, e os da segunda estão neste segundo semestre na Nova Zelândia.

Nessas duas edições foram selecionados 100 estudantes, cada um de uma cidade do Estado. Puderam participar do processo seletivo estudantes regularmente matriculados na 1ª série do ensino médio em um colégio público da rede estadual, que cursaram do 6º ao 9º ano do ensino fundamental em um colégio da rede pública, além de ter no mínimo 14 e no máximo 17 anos e seis meses de idade na data de retorno ao Brasil.

Era preciso ter frequência igual ou superior a 85% em cada disciplina no ano letivo de 2021 e ter médias anuais do 9º ano, em 2021, iguais ou superiores a 7 em cada disciplina da BNCC (Base Nacional Comum Curricular). Foram selecionados os melhores dentro desses critérios.

Antes da viagem, eles fizeram um curso de inglês preparatório promovido pela Secretaria da Educação em parceria com a Superintendência Geral de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti), por meio da Universidade Virtual do Paraná (UVPR) e do Programa Paraná Fala Idiomas (PFI).

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