Contribuições da universidade na construção do Mercosul 09/07/2007 - 14:30

*Lygia Lumina Pupatto
O processo de construção do Mercosul teve como ênfase inicial a integração comercial, com diversos acordos assinados pelos países membros que permitiram um contínuo – embora nem sempre uniforme – avanço neste campo. Porém, aprofundar esta integração implica em buscar sua intensificação no âmbito cultural e educacional. Observando o processo de integração decorrente da formação dos diversos blocos nas últimas décadas, nota-se que a construção de uma identidade comum foi essencial na constituição de grande parte deles. Neste aspecto, o desenvolvimento de iniciativas de integração das instituições ligadas à educação e à cultura mostra-se como a mais efetiva forma de construção de uma identidade comum.
Colocar o Mercosul neste caminho implica em identificar alguns fatores que facilitam e outros tantos que emperram a busca do objetivo da integração e da constituição de uma identidade comum entre os seus países membros. Assim, cabe superar o fato de que os países do Mercosul têm hoje uma relação de integração muito maior no sentido das relações norte-sul do que entre seus vizinhos. Esta é uma constatação que remonta ao próprio colonialismo e às suas continuidades, colocando-se hoje no contexto das relações desiguais, estabelecidas entre os países ricos e o restante do mundo. Em outras palavras, viabilizar o Mercosul constitui parte da tarefa maior de resistência à dominação nas formas por ela assumida contemporaneamente.
Como fatores positivos, temos a constatação de que é crescente a cooperação e integração cultural e acadêmica entre os componentes do Mercosul. Como exemplo, ficando apenas no campo acadêmico, podemos apontar a organização de eventos comuns, o desenvolvimento de projetos integrados de pesquisas, a organização de grupos e núcleos de pesquisa que têm a integração latino-americana como tema, o estabelecimento de acordos entre universidades prevendo a cooperação entre cursos de graduação e de pós-graduação, além de uma mobilidade de professores e estudantes cada vez maior. A intensificação destas iniciativas é o caminho mais eficaz de fazer avançar o processo de integração almejado.
A Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti) desenvolverá nos próximos meses um expressivo programa voltado ao Mercosul. O programa apoiará financeiramente projetos que tenham como objetivo o desenvolvimento de ações, pelas nossas universidades e faculdades públicas, que se enquadrem neste escopo. O programa abrangerá também a concessão além de bolsas para professores estrangeiros visitantes e de incentivo à mobilidade de estudantes.
Lygia Lumina Pupatto
*Secretária de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Paraná