Com aporte de R$ 1,7 milhão, UEL abre editais para obras de acessibilidade no câmpus 25/01/2023 - 17:40
A Universidade Estadual de Londrina (UEL) lançou três editais para melhorar a condição de cadeirantes e de pessoas com mobilidade reduzida ou comprometida, que circulam no Câmpus Universitário. Com investimento de R$ 1,74 milhão, as obras de acessibilidade serão executadas, inicialmente, no calçadão dos centros de Letras e Ciências Humanas (CLCH) e de Ciências Biológicas (CCB). A expectativa é de que os projetos sejam concluídos no primeiro semestre deste ano.
A acessibilidade é um grande desafio para as edificações prediais das instituições públicos, conforme estabelece a Lei nº 10.098/2000, que preconiza ambientes físicos e digitais para todas as pessoas, a partir da autonomia, segurança e da organização de espaços sem obstáculos. A mesma determinação vale para empresas e demais organizações privadas. Segundo o assessor para projetos estratégicos da Pró-Reitoria de Planejamento (Proplan), Gilson Bergoc, as três obras de acessibilidade representam um grande avanço e atacam pontos considerados de grande circulação de pedestres.
Ele explica que anteriormente a Administração da UEL realizou adequações para melhorar o acesso em diversos locais, como os centros de estudos, sanitários, a eliminação de desníveis nas portas de salas de aula e instalação de elevadores. “Os três editais pretendem eliminar barreiras arquitetônicas e que obrigam cadeirantes, por exemplo, a percorrerem distâncias maiores que as demais pessoas para ter acesso a determinados locais”, afirma.
A reitora Marta Favaro ressalta a responsabilidade social da Universidade ao adaptar os espaços para atender de forma adequada os estudantes com deficiência ou com dificuldade de mobilidade, principalmente pela oferta de vagas para pessoas com deficiência no vestibular, além da comunidade externa que visita o campus. “É um movimento para que a Universidade seja cada vez mais acessível em todos os aspectos”, enfatiza.
Os recursos são provenientes do Tesouro do Estado do Paraná e foram obtidos na negociação da folha de pagamento da UEL para o Banco do Brasil. A alocação para a acessibilidade foi discutida e aprovada pelo Conselho de Administração da instituição de ensino superior.
CALÇADÃO - Uma das obras prevê a acessibilidade em toda a extensão do Calçadão (sentido Reitoria/Cesa) e no trecho que faz a ligação entre o Centro de Ciências Exatas (CCE) e o Centro de Ciências Agrárias (CCA). O projeto cria uma faixa com piso adequado, que deverá ser transitável para cadeirantes e pessoas com limitações físicas, de acordo com a NBR-9050, que normatiza a acessibilidade nas edificações, mobiliário, equipamentos e espaços urbanos e rurais. As obras preveem mais de 2 mil m² de área total, a partir de uma faixa de concreto com 1,5 metro de largura. O projeto contempla ainda adequações nas escadarias do percurso.
Segundo Bergoc, o projeto, aparentemente simples, consumiu três anos de trabalho da arquiteta Ângela César, que atuava junto à Divisão de Desenvolvimento Físico da Proplan. Para idealizar o projeto, foi preciso um levantamento meticuloso dos detalhes e das barreiras arquitetônicas de toda a área do Calçadão. “O projeto está em fase final de licitação e a ordem de serviço deve ser assinada em março. O contrato prevê 90 dias para conclusão da obra, orçada em R$1,26 milhão”, disse.
RAMPA DO CLCH - O outro edital, que já está na fase de assinatura de contrato e tem investimento de cerca de R$ 180 mil, prevê a construção de uma rampa de acesso em formato de X no Centro de Letras e Ciências Humanas (CLCH). A obra vai interligar o nível dos blocos onde se localizam os anfiteatros, o Laboratório de Tecnologia Educacional (Labted) e o bloco onde ficam as secretarias dos cursos de Graduação e de Pós-Graduação.
O projeto arquitetônico foi desenvolvido pelo próprio Bergoc, que buscou uma solução acessível que pudesse reduzir o percurso e, ao mesmo tempo, ajudar pessoas com limitações e toda a comunidade que utiliza o CLCH na circulação entre os espaços de aula e administrativos. Segundo ele, a rampa cobre um desnível entre dois e quatro metros de altura. Além de eliminar a barreira arquitetônica, deverá reduzir o percurso para quem utilizá-la. “São caminhos utilizados por muita gente e que poderão ser feito por uma rampa suave”, afirma.
PASSARELA DO CCB - O terceiro edital está em fase de assinatura de contrato, com investimento de mais de R$ 294 mil. O projeto contempla a construção de uma passarela coberta e iluminada, de 109 metros de extensão por dois de largura, para ligar o bloco dos auditórios do Centro de Ciências Biológicas (CCB) e a Central de Salas. Por ser uma obra mais detalhada, que inclui luz e cobertura, o prazo de execução previsto será de 120 dias. A obra também prevê alguns ajustes no terreno.
BENEFÍCIO - Levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que 8,4% da população brasileira acima de 2 anos – o que representa mais de 17 milhões de pessoas – têm algum tipo de deficiência. Quase metade dessa parcela (49,4%) é de idosos. Os dados são da Pesquisa Nacional de Saúde de 2019, feita pelo Ministério da Saúde (MS).
Para se ter uma dimensão do tamanho deste contingente que necessita de assistência, na faixa etária acima de 60 anos, uma a cada quatro pessoas apresenta algum tipo de deficiência. Na UEL, de acordo com informações do Núcleo de Acessibilidade (NAC), da Pró-Reitoria de Graduação (Prograd), existem hoje 13 estudantes que apresentam alguma deficiência física e necessitam de acessibilidade. Os casos contabilizados representam apenas os estudantes que buscaram apoio do órgão. A cada ano, no entanto, vem sendo sendo observado o aumento da demanda de acessibilidade e de obras de adaptação.