Bolsista da Fundação Araucária concorre ao Concurso Cientistas de Amanhã 25/06/2009 - 17:50

Foi no quintal de casa que Ana Claudia Breitkreitz Fernandes desenvolveu sua pesquisa: fez o levantamento biogeográfico de três espécies de árvores que ficam à beira do rio Gavião, no sítio Samambaia Gavião, na cidade de Mamborê (PR), onde a estudante reside. Aluna do terceiro ano do ensino médio do Colégio Estadual João XXII, em Mamborê, ela é bolsista da Fundação Araucária, instituição vinculada à Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti), e seu trabalho é um dos dez concorrentes à 52ª edição do Concurso Cientistas de Amanhã.
Ana faz parte do Programa de Iniciação Científica Junior, que inicia os estudantes da Rede Estadual Básica de Ensino à pesquisa científica e realizado em parceria com a Faculdade Estadual de Ciências e Letras de Campo Mourão (Fecilcam).
O Concurso Cientistas de Amanhã é realizado pelo IBECC – Instituto Brasileiro de Educação, Ciência e Cultura, com o apoio da Fundação Oswaldo Cruz, do Ministério do Meio Ambiente, do Ministério da Educação, do CNPq e da UNESCO. A intenção do concurso é revelar talentos científicos no ensino fundamental e médio brasileiro, promovendo o diálogo e a convivência de professores e alunos com a pesquisa científica.
Pesquisa - Os estudos de Ana Claudia foram feitos com as espécies de Araucaria angustifólia (Bert) Kuntze – Araucária; Cedrela Fissilis Vell. - Cedro e Melia azedarach L. – Santa Bárbara. Desde o ano passado, a adolescente é orientada pelo professor do Departamento de Geografia da Fecilcam, Dr. Mauro Parolin e pelo professor Helton Menezes, que, juntos com ela, hoje concorrem ao prêmio nacional do 52º Concurso Cientistas de Amanhã. O trabalho está entre os dez melhores do Brasil e concorre a uma viagem para França (1º lugar), Rio de Janeiro (2º lugar) e Brasília (3º lugar). “Identificamos o número de espécies de árvores que havia na beira do rio e a posição em que se encontravam na vegetação”, diz a estudante que, juntamente com seus orientadores, verificou que a M. Azedarach, mais conhecida como Santa Bárbara, não pode ser considerada uma espécie invasora - contrariando estudos a respeito desta espécie.
Segundo um dos orientadores, professor Mauro, Ana Claudia possui chances de vencer a final. No momento, o professor prepara a estudante para a apresentação do trabalho, que será feita em Manaus, no estado do Amazonas, onde serão classificados os três melhores projetos nacionais. “Estou muito feliz por participar do Cientista de Amanhã, elaborar o projeto foi uma experiência ótima”, revela Ana.
Para ingressar no Programa de Iniciação Científica Junior, Ana Claudia passou por um processo seletivo que começou no colégio onde estuda, ficou entre as alunas com melhores notas e desempenho escolar, depois foi avaliada por uma banca de professores da Fecilcam, que realizaram entrevistas com os estudantes. Escolhida entre os entrevistados, ela começou a desenvolver o trabalho, que além de ajudá-la financeiramente com bolsa de Iniciação Científica Junior no valor de R$ 100, determinou a sua escolha profissional. “Vou fazer geografia, com certeza”, afirma.
 Iniciação Científica Junior - O coordenador do Programa de Iniciação Científica Junior na Fecilcam, professor Carlos Nilton Poyer, diz que estes resultados demonstram a qualidade dos projetos e a necessidade de continuação do programa por parte da Fundação Araucária. Dos dez trabalhos selecionados para a fase nacional, quatro são do estado de São Paulo, dois de Minas Gerais, um do Pará e três do Paraná, sendo todos do Núcleo Regional de Educação de Campo Mourão: um em Mamborê, vinculado à Fecilcam; e dois do Colégio Vicentino Santa Cruz, vinculado à Universidade Tecnológica do Paraná – UTFPR.
O coordenador do programa no Núcleo Regional de Campo Mourão, professor Ed Carlos Silva, ressalta que a Iniciação Científica Junior aproxima o estudante do ensino médio da universidade. “É mais uma ferramenta pedagógica que deve ficar à disposição da educação pública”, complementa. Para o chefe do núcleo, João Luiz Conrado, a cidade vive um momento de alegria: “Somos a única escola pública vinculada à Secretaria de Estado da Educação do Paraná a concorrer à fase nacional”, salienta o chefe, que, desde o início, deixou um professor à disposição para atendimento e monitoramento do Programa de Iniciação Científica Junior. “Houve boa interação entre alunos e professores no desenvolvimento da pesquisa, saindo do tradicionalismo copista que infelizmente é comum hoje em dia, para a aplicação prática da ciência no dia a dia”, finaliza.