Pesquisa da UEM analisa novos tratamentos para toxoplasmose

03/05/2021
A Universidade Estadual de Maringá está desenvolvendo um estudo inédito sobre novos tratamentos para a toxoplasmose, popularmente conhecida como doença do gato. Não contagiosa, a infecção é adquirida pela ingestão de água ou alimentos contaminados pelo protozoário Toxoplasma gondii. A pesquisa investiga quatro tipos desse parasita, a fim de comparar as cepas isoladas encontradas no Brasil com as linhagens de outros países. Na primeira fase foi investigada a cepa ME-49. Normalmente os pacientes não apresentam sintomas ou desenvolvem manifestações leves, semelhantes aos de uma gripe, porém a patologia pode causar dores musculares e alterações nas glândulas do sistema linfático. Pessoas com baixa imunidade podem apresentar sintomas mais graves, incluindo febre, dor de cabeça, confusão mental, falta de coordenação motora e até convulsões. O projeto faz parte da pesquisa empreendida pela estudante de doutorado Fernanda Ferreira Evangelista, no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde, vinculado ao Centro de Ciências da Saúde da UEM. Ela contou que, nessa etapa, o estudo analisou os efeitos do medicamento Rosuvastatina, no comprometimento da memória e da ansiedade, decorrente da infecção causada pela cepa ME-49. Os procedimentos experimentais foram desenvolvidos em camundongos, seguindo todas as diretrizes e recomendações do Comitê de Ética na Utilização de Animais da UEM. Fernanda explicou alguns dos resultados obtidos.// SONORA FERNANDA EVANGELISTA.// Antes dessa fase de testes em animais, foram feitos experimentos in vitro. Os resultados indicaram, pela primeira vez, a eficácia desse fármaco no tratamento da toxoplasmose crônica. Ademais, o comprometimento da memória e o efeito ansiogênico causados pela infecção podem ser mediados pela redução da carga do cisto, o que diminui a inflamação e os danos cerebrais. Sobre a causa desses cistos, estudos relatam que estão associados à esquizofrenia, dificuldade de aprendizado e memória prejudicada. Em crianças, principalmente recém-nascidos, pode causar microcefalia, cegueira e surdez. Com orientação da professora Ana Lúcia Falavigna Guilherme, o estudo é realizado na área de doenças infecciosas e parasitárias, na linha de pesquisa de zoonoses e outras parasitoses de interesse médico. A professora, que também coordena o Grupo de Pesquisa em Toxoplasmose da UEM, ressaltou a importância desse estudo, considerando que ainda não há cura para a doença.// SONORA ANA LÚCIA.// Recentemente, Fernanda publicou artigo sobre a etapa atual da pesquisa na revista científica Plos One, periódico da Public Library of Science, classificado com conceito A1 de excelência internacional. A iniciativa conta ainda com apoio do Departamento de Fármacos e Medicamentos da Faculdade de Ciências Farmacêuticas, da Universidade Estadual Paulista, em Araraquara. Com mais de 15 anos de atuação, o Grupo de Pesquisa em Toxoplasmose da UEM investiga diferentes genótipos de Toxoplasma gondii, principalmente cepas encontradas no Brasil. A toxoplasmose é uma zoonose transmitida pelo parasita encontrado nas fezes de gatos, que pode se hospedar em humanos e outros animais. O protozoário pode estar presente em vários lugares, principalmente alimentos, tais como carne crua ou mal passada, verduras mal lavadas, frutas, frescais consumidos crus, peixe cru e água não filtrada ou não fervida. Além disso, o manuseio de terra sem luvas e o contato com os gatos também aumentam os riscos da infecção. Outros detalhes podem ser conferidos em www.aen.pr.gov.br. (Reportagem: Cristiano Sousa. Narração: Wyllian Soppa)