Estudante indígena da Unicentro assume presidência de conselho tutelar
04/02/2021
No dia 11 de janeiro, o estudante de Administração da Universidade Estadual do Centro-Oeste, a Unicentro, Joares Alves, assumiu a presidência do Conselho Tutelar de Mangueirinha, no Sudoeste paranaense. Natural da Tribo Kaingang, ele é o primeiro indígena eleito conselheiro tutelar no Paraná. Joares atribui a conquista ao ingresso na Universidade e reconhece a importância dos órgãos governamentais, que atuam em prol de políticas afirmativas, para assegurar a permanência dos povos indígenas no sistema público de ensino superior.//SONORA JOARES ALVES// A gestão do Conselho Tutelar tem período de um ano, sendo que o processo de seleção ocorre por meio de votação secreta entre os conselheiros. Para tanto, são considerados requisitos como liderança, habilidade de articulação e relacionamento, além do conhecimento de legislações importantes, a exemplo do Estatuto da Criança e do Adolescente e da Constituição Federal, no que se refere à família. Segundo Joares, o presidente de um conselho tutelar desempenha papel representativo, abrangendo atividades de coordenação, com autonomia para empreender ações mais direcionadas à garantia dos direitos das crianças e dos adolescentes. //SONORA JOARES ALVES// Para o superintendente de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Governo do Estado do Paraná, Aldo Nelson Bona, é fundamental que os povos indígenas ocupem, cada vez mais, espaços na sociedade. //SONORA ALDO NELSON BONA// No Paraná, a Comissão Universidade para os Índios, foi instituída por decreto, em caráter permanente, com a finalidade de viabilizar o acesso, a permanência e a conclusão de cursos de graduação para estudantes indígenas nas universidades públicas. Anualmente, as sete universidades estaduais e a Universidade Federal do Paraná promovem o Concurso de Vestibular Específico Interinstitucional dos Povos Indígenas. Os povos Kaingang habitam, há séculos, o Sul do Brasil. Com uma população de, aproximadamente, 25 mil pessoas, eles residem em cerca de 30 áreas indígenas diferentes, nos estados do Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, além de São Paulo. Desde a promulgação da Constituição Federal, em 1988, os Kaingang passaram a participar ativamente de políticas públicas de Saúde e de Educação, valorizando sempre o uso da língua materna como elemento importante para afirmar a legitimidade das conquistas indígenas. (Repórter: Flávio Rehme)