Com vestibular próprio, Paraná incentiva o ingresso de povos indígenas no ensino superior

19/04/2023
Para garantir que os indígenas tenham educação, renda e apoio, o Governo do Paraná conta com políticas públicas e entre elas está o Vestibular dos Povos Indígenas. É uma iniciativa pioneira que proporciona aos estudantes de etnias, comunidades e territórios indígenas o acesso ao ensino superior. Anualmente, são ofertadas 52 vagas para cursos de graduação nas sete universidades estaduais do Paraná e na Universidade Federal do Paraná. Desde a criação da iniciativa em 2001, 195 alunos já concluíram cursos de graduação. Dentre os 295 matriculados nos cursos de graduação por meio do Vestibular dos Povos Indígenas, está Elizandra Mazieli Gyre Pereira. Ela cursa o 4° ano de Odontologia na UEM. Ela reforça que na universidade foi bem acolhida, já que a instituição entende o valor da cultura indigena. // SONORA ELIZANDRA MAZIELI GYRE PEREIRA //

Os indígenas também conquistam espaços fora do Brasil, como foi o caso do Rodrigo Portella, da etnia Guaraní. Ele prestou o vestibular em 2007 na Universidade Federal do Paraná, e precisou suspender a graduação porque teve a oportunidade de estudar música na Europa. Após três anos morando no Exterior, retornou ao país e começou a trabalhar em uma orquestra sinfônica. Em 2022 prestou o vestibular novamente para Licenciatura em Música na Unespar, para concluir o curso. // SONORA RODRIGO PORTELLA //

Filho de mãe indígena e pai não indígena, ele nasceu na Terra Indígena Laranjinha, no Norte Pioneiro, onde viveu até os 12 anos de idade. Rodrigo é violinista. Além da graduação, os indígenas também procuram dar continuidade aos estudos, como é o caso de Irismar dos Santos. Ela é da etnia Guarani e nasceu na Terra Indígena São Jerônimo da Serra, na região Norte. Há 10 anos atua na área da educação, fez magistério indígena, concluiu o curso de Pedagogia pela UEM em 2020 e a especialização em Gestão Escolar Indígena. Atualmente, cursa o mestrado vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Educação na UEM e planeja dar sequência aos estudos no doutorado. Irismar acredita que a educação é um caminho importante para o fortalecimento dos povos indígenas. // SONORA IRISMAR DOS SANTOS //

Atualmente ela trabalha como educadora social em uma associação indigenista em Maringá que auxilia 60 famílias da etnia Kaingang da Terra Indígena Ivaí, próxima ao município de Manoel Ribas. Ela desenvolve atividades pedagógicas com cerca de 20 crianças. A Cuia, Comissão Universidade para os Povos Indígena, é a entidade responsável por acompanhar pedagogicamente e garantir a permanência dos alunos nas universidades. Sandra Cristina Ferreira, assessora da Coordenadoria de Ensino Superior, Pesquisa e Extensão da Seti e representante da instituição na Cuia explica que a intenção é dar apoio e incentivo. // SONORA SANDRA CRISTINA FERREIRA //

A comissão é formada por representantes da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior e das oito universidades. (Reportagem: Ingrid Petroski | Narração: Gustavo Vaz)